Ensino de História no Brasil em xeque
Base Nacional Curricular Comum, que está em fase de consulta pública, elimina tópicos da era antiga, medieval e contemporânea, causando questionamentos de professores
O ensino de História no Brasil está na berlinda. As polêmicas em torno do conteúdo descrito na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que até dezembro está em fase de consulta pública, levaram historiadores a se mobilizarem para tentar melhorar o documento, que já foi inclusive criticado pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e pelo antecessor, Renato Janine Ribeiro. O ponto principal da discórdia é a “eliminação” de tópicos de história Antiga, Medieval e Moderna, para priorizar a história do Brasil, das Américas e da África. Além disso, a periodização cronológica dá lugar a temas.
A BNCC foi apresentada pelo MEC em 16 de setembro e foi formulada por uma equipe de 116 especialistas. Ela propõe ser uma “cartilha” para nortear e padronizar o ensino básico no Brasil. De acordo com o secretário de educação básica do ministério, Manuel Palácios, a base contempla cerca de 60% do conteúdo escolar. O restante seria definido localmente, levando em conta o contexto regional.
As críticas ao documento começam aí: “Como quantificar o que será conteúdo comum e livre?”, questiona Joseli Mendonça, professora da UFPR. Em relação ao ensino de fatos históricos, há outros questionamentos. A Associação Nacional de História (Anpuh) está promovendo discussões entre seus grupos de trabalho para formular um documento único a ser enviado ao MEC. “Queremos fazer algumas propostas e envolver mais os professores da rede básica. Até agora a discussão ficou centrada em pesquisadores e professores de universidades”, declarou Circe Bittencourt, que preside a seção paulista da Anpuh.
Ente os pontos de divergência está a composição da comissão responsável pela BNCC. Não há menção oficial sobre quem são os integrantes, tampouco o MEC informou os nomes. Segundo o ministério, o documento com as bases da proposta de mudanças no ensino está em consulta pública e pode sofrer alterações. Para Joseli, porém, as opiniões devem ser consideradas conforme a formação e experiência de cada um. “Colocam como um debate público, mas precisa ser qualificado. Todo mundo deve dar sugestão, mas é preciso identificar, saber quais são dos especialistas na área. Não está mobilizando as pessoas que estão pensando nisso há muito tempo”, avalia.
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Fonte: Gazeta do Povo