Na noite de 20 de novembro de 1830, o jornalista João Batista Líbero Badaró foi assassinado em São Paulo por quatro desconhecidos, que depois se descobriu serem alemães contratados para aquela empreitada.
Fundador do Observador Constitucional, periódico paulista liberal, ele era um denunciante mordaz e costumeiro do autoritarismo de D. Pedro I, e por isso o acontecimento infeliz fez correr pelas ruas a versão de que isso tinha acontecido a mando do próprio governante, o que, para muitos, acabou sendo aceito como verdade.
O ouvidor da comarca, Cândido Jupiassu, foi preso como mandante do assassinato, mas levado para o Rio de Janeiro, acabou sendo absolvido por falta de provas que comprovassem sua cumplicidade no crime.
Em 1830, no plano internacional, as forças absolutistas estavam sendo derrotadas, e a queda de Carlos X, rei da França, provocou uma reação eufórica entre os liberais brasileiros. A imprensa difundiu amplamente esses fatos com claras intenções críticas a D. Pedro I, e isso só fez aumentar a agitação nos maiores centros urbanos do país, situação que se agravou com a notícia da morte do jornalista. Em fevereiro de 1831 o imperador viajou para Minas Gerais, mas em cada uma das cidades por onde passou, não teve como deixar de ouvir com desprazer os sinos repicando o toque de finados pela morte de Libero Badaró, ao mesmo tempo em que parte da população o hostilizava murmurando à meia voz que após sua saída das vilas visitadas, as casas que o haviam recebido seriam apedrejadas, enquanto os cidadãos que porventura o houvessem recebido com atenção e deferência, receberiam vaias e apupos quando saíssem às ruas. A insatisfação chegara a tal ponto que John Armitage, (1806-1856), historiador inglês autor de “História do Brasil - da chegada da Família de Bragança em 1808 até a abdicação de D. Pedro”, publicado tempos depois em Londres, afirmava que "bastava alguém aceitar cargo no Governo para ficar impopular."
A morte de Badaró, glorificado pela imprensa liberal como mártir da liberdade, aumentou a agitação reinante no país. Em dezembro de 1830 o jornalista Borges da Fonseca escrevia: "O Brasil quer ser monárquico-constitucional e jamais sofrerá que um ladrão coroado se sente no trono que a Nação ergueu para assento de um monarca constitucional".
Entre os dias 12, 13 e 14 de março de 1831, aconteceram conflitos no Rio de Janeiro envolvendo brasileiros constitucionalistas, simpatizantes e defensores de uma Assembléia geral, e portugueses absolutistas, adeptos intransigentes da idéia de que o exercício do poder deveria ser concentrado na vontade de uma só pessoa. Estes últimos haviam preparado uma festa para receber o imperador D. Pedro I, que regressava da viagem à província de Minas Gerais, mas os nacionais os recriminaram por essa manifestação de apoio e simpatia e passaram a destruir as luminárias que ornamentavam algumas ruas por onde a caravana real deveria passar.
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Fonte: Recanto das Letras
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