Antonio Bento de Souza e Castro (1843-1898) |
Os caifases foram organizados por Antônio Bento, filho de um farmacêutico, nascido em são Paulo em 1841. Bento frequentara a Faculdade de Direito e depois de formado fora juiz de paz e juiz municipal. Nos cargos que ocupou, procurou sempre defender os escravos seguindo os passos de Luís Gama. Profundamente religioso, colocou a religião a serviço dos escravos e da sua emancipação. Desde jovem, participou do movimento abolicionista. Organizou uma sociedade secreta com sede na confraria dos homens negros da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, em São Paulo. Aí reunia um grupo de pessoas pertencentes às mais variadas camadas sociais: negociantes como Abílio Soares e Costa Moreira, farmacêutico como Luís Labre e João Cândido Martins, advogados, jornalistas, operários, cocheiros, artesãos e estudantes da Faculdade de Direito, brancos, pretos e mulatos. Em seu jornal, A Redempção, concitava o povo a combater a escravidão com todos os meios de que dispunha.
Os caifases denunciavam pela imprensa os horrores da escravidão, defendiam na justiça a causa dos escravos, faziam atos públicos em favor da sua emancipação, coletavam dinheiro para alforrias e protegiam escravos fugidos. Suas atividades não paravam aí. Perseguiam também aos capitães-do-mato incumbidos de apreender escravos fugidos, sabotavam a ação policial e denunciavam os abusos cometidos por senhores, expondo-os à condenação pública. Procuravam, ainda através da imprensa e da propaganda, manter a população constantemente mobilizada.
Os caifases operavam tanto em São Paulo quanto no interior das províncias instigando os escravos a fugir, fornecendo-lhes os meios, protegendo-os durante a fuga. Retiravam-nos das fazendas onde viviam como escravos, para emprega-los em outras como assalariados. Encaminhavam-nos para pontos seguros, onde os escravos poderiam escapar à perseguição de seus senhores. Um destes lugares era o famoso Quilombo Jabaquara, que se formara nos morros dos arredores de Santos. Este quilombo chegaria a reunir mais de 10.000 escravos fugidos. Emília Viotti da Costa. A Abolição. São Paulo, global, p.83-84.
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