A história tem algumas certezas que se enraizam tão profundamente no conhecimento coletivo que parecem até fazer parte de uma verdade absoluta do mundo. Entre essas informações consideradas incontestáveis, está o fato de o italiano Cristóvão Colombo ser o descobridor e conquistador do continente americano. Toda uma mitologia acompanha essa certeza, que poderia ser lançada ao mar com a pesquisa do historiador norte-americano Gary Knight. Em seu livro “Forgotten Brothers” (Irmãos Esquecidos), ele propõe substituir o protagonismo do descobrimento da América aos irmãos Pinzón, que comandaram as embarcações La Pinta e La Niña em uma longa viagem ao novo mundo.
Segundo o autor, Colombo teria roubado a glória da conquista, e, com o decorrer dos séculos, esse engano acabou sendo firmado. “Deveríamos trocar o Día de la Raza (Dia da Raça, como é chamado o Dia de Colombo na maioria dos países latino-americanos) por Dia do Charlatão”, escreve Knight, decididamente tomando partido por seus conquistadores. Em seguida, ele descreve Colombo como um brilhante político e navegador, mas deixa claro que ele não era capitão de caravelas e que nunca esteve no comando de um navio, por isso a primeira viagem à América não teria sido possível sem a ajuda dos Pinzón, com quem Colombo se reuniu, no final de tudo, para queimar os navios no porto de Palos. A eles, exímios marinheiros, o autor atribui um papel decisivo: o de persuadir o resto da tripulação a participar de uma viagem tão ousada. Após perder uma das caravelas e boa parte da tripulação perto do litoral do atual Haiti, Colombo teria sido levado de volta à Europa e se trancado em sua cabine por vontade própria.
Por que então a história coloca Colombo como o grande descobridor e os irmãos Pinzón em papéis secundários? Para Knight, isso acontece por uma simples razão: Colombo escrevia um diário, e os fatos foram reconstruídos com base nele. Portanto, como é possível observarmos, a história nem sempre é escrita pelos que ganham, mas pelos que a escrevem.
[Fonte: Seu history]
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