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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Religiões: Espiritismo (Doutrina)


A crença na sobrevivência do espírito após a morte do corpo físico e o princípio da reencarnação são as bases da doutrina conhecida como espiritismo, movimento religioso que surgiu na França e se expandiu pelo mundo, notadamente no Brasil.
O espiritismo como doutrina surgiu a partir da publicação, na França, de Le Livre des esprits (1857; O livro dos espíritos), de Allan Kardec, pseudônimo do professor Hippolyte Léon Denizard Rivail. Considerado a obra básica do espiritismo, o livro de Kardec codificava a doutrina espírita, que se resume em cinco pontos: (1) existência de Deus, como inteligência cósmica responsável pela criação e manutenção do universo; (2) existência da alma ou espírito, envolvido pelo perispírito, que conserva a memória mesmo após a morte e assegura a identidade individual de cada pessoa; (3) lei da reencarnação, pela qual todas as criaturas retornam à vida terrena e vão, sucessivamente, evoluindo no plano intelectual e moral, enquanto expiam os erros do passado; (4) lei da pluralidade dos mundos, isto é, da existência de vários planos habitados, que oferecem um âmbito universal para a evolução do espírito; (5) lei do carma ou da causalidade moral, pela qual se interligam as vidas sucessivas do espírito, dando-lhe destino condizente com os atos praticados.
A doutrina espírita não tem altares, cultos, sacerdotes ou rituais e não combate as outras religiões. Afirma que todos serão salvos, embora uns o sejam antes de outros, de acordo com a evolução do espírito nas sucessivas encarnações. Seus preceitos morais pregam o amor ao próximo e a Deus, a caridade e o progresso contínuo do espírito humano.
As manifestações extra-sensoriais ou de paranormalidade estão intimamente associadas ao espiritismo. A referência mais antiga encontra-se no Velho Testamento, com o relato da visita de Saul à pitonisa ou médium de Endor, que materializou a presença do profeta Samuel (I Sam 28:7-19).
O fenômeno que determinou o surgimento do espiritismo moderno ocorreu em 1848, na pequena cidade de Hydesville, no estado americano de Nova York. Na casa da família metodista de John D. Fox, ouviam-se com freqüência fortes pancadas nas paredes e no teto do quarto das meninas Katherine e Margaretha. A primeira, aos nove anos de idade, resolveu desafiar o invisível a reproduzir as pancadas que ela mesma daria. A prontidão das respostas - vindas do espírito de um homem que teria sido assassinado naquela casa - marcou o início da comunicação com os mortos. Foi nessa época que proliferaram, a princípio nos elegantes salões europeus, as chamadas mesas falantes ou giratórias.
Muitos cientistas pesquisaram e reconheceram a autenticidade dos fenômenos espíritas. Na Inglaterra, os mais importantes foram Frederick William Henry Myers, fundador da Sociedade para a Pesquisa Psíquica; os físicos William Crookes e Oliver Lodge e o biólogo Alfred Russell Wallace. Na França, além de Kardec, destacaram-se Camille Flammarion e o fisiólogo Charles Richet; na Itália, o criminólogo Cesare Lombroso e o astrônomo Giovanni Schiaparelli; na Alemanha, o astrofísico Karl Friedrich Zöllner e o médico Albert von Schrenck-Notzing.
A mediunidade é um fenômeno importantíssimo, dentro do espiritismo. É uma faculdade por meio da qual o médium - pessoa dotada de elevada capacidade de percepção extra-sensorial - manifesta os mais diversos dotes, como vidência, clarividência, clariaudiência, levitação, telecinesia (movimentação e/ou transporte de objetos), psicografia, emissão de ectoplasma, curas e outros.

Espiritismo no Brasil. O Brasil é considerado o maior país espírita do mundo. Denominado kardecismo em homenagem a seu codificador, o espiritismo no Brasil começou em Salvador BA em 1865. A partir de 1877, foram fundadas as primeiras comunidades espíritas, como a Congregação Anjo Ismael, o Grupo Espírita Caridade e o Grupo Espírita Fraternidade. Em 1883, surgiu O Reformador, a mais antiga publicação espírita do Brasil, e no ano seguinte Augusto Elias da Silva fundou a Federação Espírita Brasileira, que adquiriu grande projeção na gestão de Adolfo Bezerra de Meneses Cavalcante, a partir de 1895. A Livraria da Federação, criada em 1897, é responsável pela edição, distribuição e divulgação da vasta literatura espírita. Ao lado da difusão da doutrina, as organizações espíritas brasileiras realizam um amplo trabalho de assistência social e fraternidade humana, com manutenção de asilos e outras instituições.
Dentre os principais médiuns brasileiros destaca-se sobretudo a figura de Francisco Cândido Xavier, autor de centenas de obras psicografadas e realizador de um intenso trabalho espiritual. Além dele, ganhou notoriedade José Pedro de Freitas, o Zé Arigó, que efetivava curas e cirurgias pela incorporação do espírito do médico alemão conhecido como Dr. Fritz. Outro grande divulgador da doutrina é Divaldo Pereira Franco.

3 comentários:

  1. Olá, amigo historiador! É seu o texto sobre a doutrina espírita? Gostaria de colocá-lo num outro blog que tenho e postar uma referência. Abraços e tudo de bom! Carla.

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  2. Caro Pedro,
    Obrigada pela gentileza. Já postei: http://espiritaluz.blogspot.com/2010/07/um-artigo-sobre-espiritismo.html
    Abraços! Carla.

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  3. Amigo Pedro, o texto está excelente! Muito bom mesmo. Uma síntese da Doutrina. Como espírita parabenizo-o por esse esclarecimento sobre como surgiu a Doutrina Espírita, fundamentada em Leis naturais ou divinas, reveladas pelos Espíritos Superiores e codificadas por Kardec, sob a orientação do Mestre Jesus.
    Grande abraço, irmão.

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