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domingo, 30 de janeiro de 2011

Grandes Construções: Canal do Panamá


Após a descoberta do continente americano, recorde-se que o objectivo foi atingir a Índia pelo Ocidente, vários foram os navegadores que procuraram a passagem que dava o acesso ao outro oceano. Apenas Fernão de Magalhães em 1520 logrou descobri-la, bem ao sul do continente americano, através de um estreito batizado com o seu nome.
Isso significava que para ligar por via marítima os dois lados desse continente tinha-se de rodear esse mesmo continente pelo sul. Essa penosa viagem significava meses de navegação. Não admira portanto que desde então se tenha pensado em abrir um canal que unisse os oceanos Atlântico e Pacífico
Tal idéia de abrir uma via de navegação marítima através do istmo do Panamá remonta ao século XVI, quando o conquistador espanhol Vasco Nunes de Balboa atravessou pela primeira vez a faixa de terra que separa os oceanos Atlântico e Pacífico e verificou que a sua largura não chegava a cem léguas. Em 1534, o Imperador Carlos V mandou investigar e encarou a possibilidade de abrir um canal que pouparia à armada castelhana meses de navegação para atingir o Peru. No entanto, a região era um caos geológico dificultando e muito a exploração do local.
Após quatro séculos de nenhuma tentativa de construção do canal, em 1848 reinicia-se a idéia de implementação de um projeto de edificação do canal. Com a descoberta de ouro na Califórnia, milhares de aventureiros de várias partes do mundo, para encurtar o caminho até o metal precioso, atravessaram o istmo do Panamá a pé ou pelo então recém construído caminho-de-ferro. Os Estados Unidos por sua vez também utilizaram esta via para mandar reforços militares para a Costa Oeste e ali consolidar uma soberania ainda pouco segura.
No entanto, o francês construtor do Canal de Suez apresentou em 1876 o seu projeto de construção de um canal no istmo do Panamá. Foram feitos os primeiros levantamentos e as primeiras negociações com o governo da Colômbia, a quem pertencia a província do Panamá, acerca da concessão da construção e exploração do futuro canal.
Em 1878 ocorre a assinatura de um tratado com o governo de Bogotá, repassando à sociedade francesa a exclusividade da construção do canal e da sua exploração posterior por um período de 99 anos. Iniciam-se assim os trabalhos e logo surgem os primeiros imprevistos, a malária,a febre amarela e outras doenças tinham dizimado 20.000 operários e a hostilidade ao empreendimento pelos Estados-Unidos não favorecia o bom andamento do projeto.
Em 1887, o projeto foi finalmente abandonado. A companhia francesa foi encarregada pelos credores de salvar o que ainda podia ser salvo do desastre financeiro. Uma nova companhia, a Compagnie Nouvelle du Canal de Panama, foi criada em 1894 pelos franceses para tentar acabar o canal, mas também não teve sucesso. Restava agora encontrar um comprador já que a concessão dos terrenos só terminava em 1903. O governo dos Estados Unidos encontrava-se atento e, em 1902, o Congresso norte-americano autoriza a compra da concessão dos franceses.
A influência dos EUA
O governo colombiano, apoiado pelas demais repúblicas latino-americanas, já inquietas com a ambição hegemônica dos Estados Unidos, não autorizou a transação. Em contrapartida, os Estados Unidos apoiaram a agitação separatista no Panamá. Quando, em 1 de novembro de 1903, o Parlamento de Bogotá veta a concessão do canal aos Estados Unidos, a frota norte-americana bloqueia todos os portos do Panamá e, três dias depois era proclamada a independência da República do Panamá.
Finalmente, um mês mais tarde, as novas autoridades panamenhas assinam um acordo com os Estados Unidos para a construção e exploração do canal. O tratado, ratificado em 1909, entregava aos Estados Unidos a posse da futura via navegável e de uma faixa de cinco milhas de terras de ambos os lados do canal, pelo preço de dez milhões de dólares.
A marinha norte-americana tinha sido encarregada de levar o projeto com sucesso, e as obras recomeçam em 1904, marcada por uma disciplina e estratégia militar que havia faltado aos europeus.
A construção do Canal do Panamá
A construção demorou 10 anos desta vez com mais recursos tanto financeiros (371 milhões de dólares),como tecnológicos. Trabalharam mais de 35 mil homens. Mesmo assim o projeto inicial foi várias vezes alterado e o responsável inicial John F.Wallace demitiu-se sendo substituído por John Stevens e este finalmente por George Goethals.
A solução de comportas mostrou-se a mais acertada. Um dique em Gatun criou um lago artificial cujas águas enchem as eclusas. As eclusas de Gatun elevam os navios a 26 metros até ao lago artificial. Como são duplas permitem a subida e descida simultânea de navios. Ao fim de 8/9 horas os navios atingem o oceano Pacífico depois de terem descido 9,5 m na eclusa de Pedro Miguel e 16,5 na de Miraflores.
Todas as eclusas têm 305 metros de comprimento por 33 metros de largo e nestas os barcos são puxados por pequenos comboios chamados de “mulas”. Em Agosto de 1914 terminaram as obras e o cargueiro SS Ancon foi oficialmente o primeiro navio a passar o canal.
Importância do Canal do Panamá
A importância deste canal, é de vital importância para o comércio mundial, justifica a presença de um forte continente militar norte-americano numa base sediada no Panamá.
Trabalhos de construção na falha de Gaillard, 1907.
Desde então se inicia o comércio marítimo na região do canal, intensificando os laços entre os Estados Unidos e o Panamá, que conviveram pacificamente até a década de 50, com a administração militar norte-americana na Zona do Canal.
No entanto, a partir dos anos 60, os nacionalistas panamenhos começaram a ver no canal e nas altas grades eletrificadas que o envolviam, um símbolo do imperialismo norte-americano, remetendo a idéia do Muro de Berlim. A situação se agrava em 1964, quando ocorre a morte de 21 estudantes panamenhos que tentavam içar a bandeira de seu país na Zona do Canal. Tal fato inicia uma mobilização popular.
Em 1968, o general Omar Torrijos assume o poder no Panamá e inicia árduas negociações com os Estados Unidos para fazer vingar os seus projetos de reforma agrária e de recuperação da soberania sobre o canal.
Por fim, inicia-se a década de 70 e as negociações precisam ser efetivadas, regulamentando a questão do canal o mais rápido possível. Algumas questões devem ser repensadas e profundamente analisadas. Os direitos de exploração da área do canal foram adquiridos pelos Estados Unidos, que construíram o Canal do Panamá. No entanto, tal intervenção ameaça a soberania panamenha sobre o seu território e sobre os seus recursos. A idéia da transferência do canal também fere o orgulho norte-americano, que possui objetivos de consolidar sua supremacia mundial, principalmente no cenário da Guerra Fria vigente, o que torna a área do canal ainda mais estratégica.
O impasse fica ainda maior pois a repercussão do caso se alastra em nível internacional, despertando a opinião pública para a importância desse problema nas Américas. A questão ameaça a segurança continental, principalmente levando-se em consideração a área de neutralidade no canal e o contexto da década de 70. Sendo assim, a Organização dos Estados Americanos coloca o assunto em pauta nas suas discussões como forma de alcançar a resolução definitiva do problema.
Em 1977, o tratado foi revisto passando o Panamá a controlar o canal desde de 31 de Dezembro de 1999

Curiosidades:
• A obra custou 639 milhões de dólares, sendo 55% desse total gasto pelos Estados Unidos e 45% pela França
• Cerca de 80 mil pessoas estiveram envolvidas na realização das obras, sendo 75% na etapa americana e 25% na etapa francesa
• Mais de 25 mil homens morreram nos 35 anos de construção do canal, o que corresponde a quase duas mortes por dia
• Todo o cimento utilizado na construção da estrutura foi trazido em navios de Nova York
• A rota seguida pelo canal cruza a Cordilheira Continental, que tinha originalmente 100 metros de altura em seu ponto mais alto
• O canal possui aproximadamente 80 quilômetros de extensão e umnavio leva, em média, dez horas para cruzá-lo e mais 20 horas entre manobras de aproximação e outros serviços
• Um navio de grande porte viajando de Nova York a São Francisco economiza 14 580 quilômetros utilizando o Canal do Panamá em vezde circundar a América do Sul
• Como é cobrado por peso, o maior pedágio pago para atravessar o canal foi de 141 mil dólares, pelo cruzeiro turístico Crown Princess. Já o menor foi de 36 centavos de dólar, pago por Richard Halliburton, que atravessou o trecho a nado em 1928
• Para construir o canal foram removidas cerca de 300 milhões de metros cúbicos terra, quantidade suficiente para construir uma nova Muralha da China, só que 1 600 quilômetros mais extensa
• Cruzam o Canal do Panamá, em média, 42 navios por dia, quase 15 mil navios por ano. Por ali passa, atualmente, cerca de 4% do comércio mundial


Funcionamento: 

Água morro acima

Um caminho entre o Atlântico e o Pacífico

Eclusas Gatún
A entrada atlântica do canal se localiza na baía de Limón. Após passar pelas enormes rompeolas (“quebra-mar”, em espanhol), barreiras que impedem o avanço da maré alta e facilitam a navegação, os navios percorrem 10,5 quilômetros até a primeira comporta. Uma seqüência de três eclusas eleva os navios até a superfície do lago Gatún, 26 metros acima do nível do mar
Lago Gatún
Até 1935, Gatún foi o maior lago artificial do mundo. Possui 418 quilômetros quadrados e foi alagado em 1910 com a construção da barragem, que controla o curso das águas do rio Chagres
Eclusa Pedro Miguel
Construção das eclusas de Pedro Miguel,
 no início da década de 1910.
Está situada longe da costa por razões militares: pretendia-se evitar que o canal fosse inutilizado em caso de um ataque às bases americanas. Ao passar por Pedro Miguel, os navios descem a 10 metros de altitude e navegam pelo lago Miraflores até o próximo jogo de eclusas
Eclusas Miraflores
Ao contrário da entrada atlântica, o lado pacífico não possui rompeolas. Por isso, as eclusas Miraflores têm comportas maiores para sustentar o impacto e a alteração da maré do Pacífico, que pode variar em até 4 metros
Como é feita a travessia
Antes de o navio iniciar a travessia, o prático (piloto habilitado a navegar no canal, por conhecer a rota e os locais de passagem), sobe a bordo e assume o comando da embarcação. O navio é conectado ao rebocador que realiza as operações de manobra nas águas do canal. A travessia das eclusas é feita com a ajuda das mulas. Essas poderosas locomotivas se movem por trilhos paralelos às eclusas e se conectam aos navios por cabos, cuja regulagem mantém a estabilidade da embarcação e evita choques nas paredes laterais das câmaras. O número de mulas utilizado por travessia varia de quatro a oito, dependendo do tamanho do navio
Como funcionam as eclusas
Um sistema de eclusas é formado por câmaras, comportas e tubulações que levam a água de uma câmara à outra. No Canal do Panamá, todas as câmaras possuem as mesmas medidas (33,5 metros de largura e 306 metros de comprimento) e estão construídas em pares, lado a lado, para permitir que a navegação seja feita em dois sentidos. Cada câmara leva entre 8 e 15 minutos para encher de água. A água se move sem o auxílio de bombas, pela força da gravidade, através de uma tubulação central e duas laterais (com 5,5 metros de diâmetro cada). Para encher uma eclusa, fecham-se as válvulas das tubulações do extremo inferior da câmara, enquanto as que se encontram na ponta superior são abertas. O esvaziamento segue o processo inverso. A água utilizada nas eclusas é doce, proveniente dos lagos Gatún e Maidden, que é dispensada no mar sem reaproveitamento. Cada comporta possui um compartimento oco em seu interior, que provoca flutuação e conseqüente diminuição da força necessária para sua abertura ou fechamento.
Fonte: Aventuras na História

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sociedades secretas: Skull and Bones

Logo da Skull and Bones

A Skull and Bones (Ossos e Caveira, em português) é uma sociedade secreta estudantil dos Estados Unidos da América, fundada em 1832. Foi introduzida na Universidade de Yale por William Huntington Russell e Alphonso Taft em 1833.
Entre 1831 e 1832, Russell estudou na Alemanha, onde supostamente teria sido iniciado em uma sociedade secreta alemã, a qual teria inspirado a criação da Skull and Bones. Tal hipótese foi confirmada durante obras realizadas no salão de convenções da Skull and Bones. Naquela ocasião foi encontrado material que se refere a Skull and Bones como o capítulo de Yale de sociedade alemã Illuminati. Essa sociedade foi tornada ilegal por efeito de um edito do governo da Bavária, em 1785, continuando entretanto a existir, como uma organização clandestina.
A sociedade foi incorporada pela Russell Trust Association, em 1856.
Em 1846, Russell tornou-se membro da assembléia do estado de Connecticut e, em 1862, foi nomeado general da guarda nacional.
Alphonso Taft tornou-se ministro da guerra em 1876, e depois Vice-general e embaixador dos Estados Unidos na Rússia, em 1884. Seu filho,William Howard Taft, tornou-se mais tarde, magistrado e depois presidente dos Estados Unidos.
Yale é a única universidade com sociedades secretas onde são admitidos somente seniores, quer dizer antigos alunos. As duas outras são Scroll and Key ("Chave e Pergaminho") e Wolf's Head ("Cabeça de lobo").
Os candidatos são exclusivamente homens brancos, protestantes, e são originários habitualmente de famílias muito ricas. Frequentemente, seus pais já eram membros da ordem. No último ano de estudo, são denominados cavaleiros.
Há hipóteses de conexões da Skull And Bones com a CIA, Illuminati, Bilderbergers e com a Maçonaria. Tais teorias foram a base do filme The Skulls (Sociedade Secreta) que aborda uma sociedade secreta altamente sofisticada, fazendo uma clara alusão a Skull and Bones. A sociedade também foi incluída, assim como o grupo Whiffenpoofs, no filme de 2006 The Good Shepherd (O bom Pastor), sobre as origens da CIA, no qual o personagem principal pertence à Skull and Bones.
Nas eleições presidenciais de 2004 nos Estados Unidos, tanto o candidato democrata quanto o republicano eram membros da sociedade.
George W. Bush assumiu publicamente ser um membro da Skull and Bones, assim como seu adversário na Eleição presidencial dos Estados Unidos da América (2004) John Kerry.

Fonte: Wikipedia 

Complemente:

O índio Geronimo em busca de paz
 
DIVULGAÇÃO
O líder apache em 1887
O governo americano está sendo processado pelo bisneto de Geronimo (1829-1909), líder apache e símbolo da resistência à ocupação dos territórios indígenas dos Estados Unidos. Harlyn Geronimo suspeita que uma sociedade secreta tenha roubado os restos mortais de seu antepassado, em 1918. O herdeiro pede de volta os ossos e objetos funerários do bisavô, para enterrá-los perto do rio Gila, no Novo México, sua terra natal.

Depois de lutar contra as tropas americanas e mexicanas durante três décadas, o guerreiro apache se rendeu e foi preso em 1886. Morreu de pneumonia aos 90 anos, em 1909, na prisão de Forte Sill, no Oklahoma, onde foi enterrado. Uma antiga lenda diz que a ossada foi retirada do local por membros da sociedade secreta Skull and Bones (Crânio e Ossos), nascida no fim do século XIX na Universidade Yale. Entre os acusados está Prescott Bush, avô do ex-presidente americano George W. Bush, este também um integrante da sociedade.

A suspeita de Harlyn Geronimo ganhou força em 2005. Naquele ano, o historiador Marc Wortman encontrou, na biblioteca de Yale, uma carta datada de junho de 1918, assinada por Winter Mead, um dos integrantes da Skull and Bones, e endereçada a outro membro, F. Trubee Davison. A mensagem relata como os ossos de Geronimo teriam sido roubados do Forte Sill e seu crânio colocado em um pote de vidro, na sede da sociedade, em New Haven.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Termos históricos: Cidadania

Foi de um discurso do dramaturgo Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, em outubro de 1774, que surgiu o sentido moderno da palavra cidadão -- que ganharia maior ressonância nos primeiros meses da revolução francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Em sentido etimológico, cidadania refere-se à condição dos que residem na cidade. Ao mesmo tempo, diz da condição de um indivíduo como membro de um estado, como portador de direitos e obrigações. A associação entre os dois significados deve-se a uma transformação fundamental no mundo moderno: a formação dos estados centralizados, impondo jurisdição uniforme sobre um território não limitado aos burgos medievais.
Na Europa, até o início dos tempos modernos, o reconhecimento de direitos civis e sua consagração em documentos escritos (constituições) eram limitados aos burgos ou cidades. A individualização desses direitos a rigor não existe até o surgimento da teoria dos direitos naturais do indivíduo e do contrato social, bases filosóficas do antigo liberalismo. Nesse sentido, os privilégios e imunidades dos burgos medievais não diferem, quanto à forma, dos direitos e obrigações das corporações e outros agrupamentos, decorrentes de sua posição ou função na hierarquia social e na divisão social do trabalho. São direitos atribuídos a uma entidade coletiva, e ao indivíduo apenas em decorrência de sua participação em um desses "corpos" sociais.
O termo cidadão tornou-se sinônimo de homem livre, portador de direitos e obrigações a título individual, assegurados em lei. É na cidade que se formam as forças sociais mais diretamente interessadas na individualização e na codificação desses direitos: a burguesia e a moderna economia capitalista.
Ao ultrapassar os estreitos limites do mundo medieval -- pela interligação de feiras e comunas, pelo estabelecimento de rotas regulares de comércio, entre regiões da Europa e entre os continentes --, a dinâmica da economia capitalista favorece a imposição de uma jurisdição uniforme em determinados territórios, cuja extensão e perfil derivam tanto da interdependência interna enquanto "mercado", como dos fatores culturais, lingüísticos, políticos e militares que favorecem a unificação.
Em seus primórdios, a constituição do estado moderno e da economia comercial capitalista é uma grande força libertária. Em primeiro lugar, pela dilatação de horizontes, pela emancipação dos indivíduos ante o localismo, ante as convenções medievais que impediam ou dificultavam a escolha de uma ocupação diferente da transmitida como herança familiar; libertária, também, ante as tradições e crenças que se diluíam com a maior mobilidade geográfica e social; mas libertária, sobretudo, pela imposição de uma jurisdição uniforme, que superava o arbítrio dos senhores feudais e reconhecia a todos os mesmos direitos e obrigações, independentemente de seu trabalho ou condição socioeconômica.
Além do sentido sociológico, a cidadania tem um sentido político, que expressa a igualdade perante a lei, conquistada pelas grandes revoluções (inglesa, francesa e americana), e posteriormente reconhecida no mundo inteiro.
Nessa perspectiva, a passagem do âmbito limitado - dos burgos - ao significado amplo da cidadania nacional é a própria história da formação e unificação dos estados modernos, capazes de exercer efetivo controle sobre seus respectivos territórios e de garantir os mesmos direitos a todos os seus habitantes. É fundamentalmente uma garantia negativa: contra as limitações convencionais ao comportamento individual e contra o poder arbitrário, público ou privado.
Rumo à universalização. A cidadania é originalmente um direito burguês. Contudo, quando reivindicada como soma de direitos fundamentais do indivíduo, estes se tornam neutros quanto a seus beneficiários presentes e potenciais.
Vista como processo histórico gradual, a extensão da cidadania é (1) a transformação da estrutura social pré-moderna no quadro da economia capitalista e do estado nacional moderno e (2) o reconhecimento e a universalização de toda uma série de novos direitos que, em parte, são indispensáveis ao funcionamento da economia capitalista moderna e, em parte, são resultado concreto do conflito político dentro de cada país. Portanto, trata-se de um conceito ao mesmo tempo jurídico, sociológico e político: descreve a consagração formal de certos direitos, o processo político de sua obtenção e a criação das condições socioeconômicas que lhe dão efetividade.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Sistemas de governo: Parlamentarismo

Resultante de um lento processo histórico que se estendeu por cinco séculos, o parlamentarismo é a etapa final da luta vitoriosa das forças democráticas contra o absolutismo na Europa.
Parlamentarismo é o sistema de governo em que um gabinete de ministros, escolhidos entre os membros do partido que obteve maioria em eleições parlamentares, exerce o poder administrativo e político. Funciona na monarquia e na república. Dois órgãos de poder igual, gabinete e Parlamento, coexistem, colaboram e exercem um sobre o outro ação de limitação recíproca. O chefe do executivo, que tem o título de primeiro-ministro, é designado pelo chefe de estado -- monarca ou presidente -- e referendado pelos parlamentares.
O primeiro-ministro escolhe os ministros de estado, que compõem o gabinete, entre os membros de seu partido ou dos partidos que formaram a coalizão de governo. O gabinete pode ser derrubado por perda da maioria no Parlamento ou por um voto ou moção de desconfiança. Nesse caso, o executivo renuncia, ou dissolve o Parlamento e convoca novas eleições. A democracia é essencial para o parlamentarismo, que pressupõe eleições livres, multipartidarismo, partidos políticos fortes, instituições sólidas e corpo burocrático eficiente. O parlamentarismo moderno se caracteriza por atribuir muito poder ao gabinete e ao primeiro-ministro, com a manutenção do princípio da responsabilidade do executivo perante o Parlamento.
Parlamento inglês
As origens do parlamentarismo remontam ao século XIII, com a fusão de duas instituições governamentais britânicas: o Grande Conselho, corpo de grão-senhores leigos e eclesiásticos, convocados para discutir com o rei assuntos de estado, e o Conselho do Rei, derivado da Curia Regis medieval, formado por conselheiros privados, em geral profissionais. Problemas que transcendiam a competência das cortes ordinárias eram decididos em reuniões especiais, as concilium regis in parlamento (conselho do rei em parlamento). Os dois conselhos são os ancestrais remotos das atuais casas do Parlamento britânico, a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns. Ao longo dos séculos, a instituição sofreu modificações diversas.  Com a revolução de 1688, o Parlamento afirmou sua autoridade sobre o monarca, formaram-se os dois grandes partidos -- whig, liberal; e tory, conservador -- e o parlamentarismo adquiriu bases modernas. A partir de 1830 o sistema se consolidou. O poder político transferiu-se do monarca para a Câmara dos Comuns, e a Câmara dos Lordes perdeu significado político.
O parlamentarismo nos demais países se baseia no modelo britânico, mas adquiriu características diversas. Na França, no século XIII, era chamado Parlamento o conjunto das assembléias extraordinárias de notáveis, convocadas pelo rei para tomar conhecimento de assuntos importantes. Depois da revolução francesa, e ao longo dos séculos XIX e XX, alternaram-se regimes de monarquia parlamentarista, república parlamentarista e presidencialismo no estilo americano. Na Itália, Alemanha, Espanha e Portugal, sistemas parlamentaristas republicanos ou monárquicos, instituídos por constituições recentes, também diferem do sistema britânico. O parlamentarismo foi o padrão de estrutura de governo para o Japão, depois da segunda guerra mundial, e para muitos países africanos e asiáticos que se libertaram do controle colonial britânico.
Presidente João Goulart assinou o termo de posse
na Presidência da República sob um novo sistema,
o parlamentarismo, tendo como seu Primeiro Ministro
o Sr. Tancredo Neves.
No Brasil, a monarquia parlamentarista vigorou a partir de 1847, com características específicas que a distanciaram do parlamentarismo clássico. O chamado poder moderador de D. Pedro II permitia-lhe dissolver a Câmara dos Deputados, nomear e demitir ministros de estado. Foi habitual a prática de escolher ministros entre a minoria, dissolver a Câmara, convocar eleições e conquistar a maioria entre os partidários do ministro escolhido, com freqüente recurso à fraude. Abolido na república, o parlamentarismo foi de novo implantado em 1961, como solução para a crise política originada pela renúncia do presidente Jânio Quadros e a recusa de setores militares de permitir a posse do vice-presidente João Goulart. Vigorou até 1963, quando foi rejeitado em plebiscito. Setores parlamentaristas incluíram na constituição de 1988 um dispositivo para a realização de plebiscito para escolha da forma (monarquia ou república) e do sistema (presidencialismo ou parlamentarismo) de governo. Em abril de 1993, o voto popular confirmou a preferência nacional pelo presidencialismo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Aprenda brincando...


Fonte: www.sohistoria.com.br

Sistemas de governo: Presidencialismo

Adotado sob formas variadas em muitos países, o presidencialismo tem como base doutrinária a teoria política de separação e controle recíproco dos poderes, de Montesquieu, que pode ser resumida na sentença do autor: "O poder deve limitar o poder."
Presidencialismo é o sistema de governo no qual os poderes, funções e deveres de chefe de governo e de chefe de estado se reúnem numa só pessoa e no qual o executivo, legislativo e judiciário são poderes independentes entre si que funcionam em harmonia. Eleito pelo voto direto ou por colégio eleitoral, para mandato com período determinado em lei constitucional, o presidente não se subordina ao Parlamento nem pode nele interferir. Entre suas atribuições estão a de liderar a vida política da nação, representar o país interna e externamente, comandar as forças armadas, firmar tratados, encaminhar projetos de lei ao Congresso, responder pela administração e pelas decisões nos setores do executivo e escolher os ministros de estado.
O sistema presidencialista de governo foi criado nos Estados Unidos pela constituição de 1787. Para limitar o poder do governo e garantir a liberdade dos cidadãos, os constituintes rejeitaram o modelo parlamentar britânico e estabeleceram a separação total do legislativo, executivo e judiciário, com um sistema de pesos e contrapesos no qual cada poder fiscaliza e contrabalança os demais, sem predomínio de nenhum deles. O presidente americano é eleito por um colégio eleitoral, para um mandato de quatro anos, com direito a concorrer uma vez à reeleição. O presidente não precisa ter maioria no Congresso, mas em todas as questões de política geral que envolvem a legislação ou gastos de verbas deve negociar com os parlamentares para fazer aprovar seus projetos.
Nas eleições presidenciais americanas, o eleitor participa de todas as etapas do processo: escolhe o candidato de cada partido nas eleições primárias, elege o colégio eleitoral de cada estado e vota nos candidatos vencedores nas primárias no dia das eleições nacionais gerais. O colégio eleitoral, que escolhe o presidente, se compõe de delegados dos cinqüenta estados da nação. Cada estado elege um número de delegados equivalente à representação que tem nas duas casas do Congresso. Parlamentares eleitos não podem ser delegados. A eleição é praticamente direta porque os delegados respeitam a vontade manifesta pelo voto popular, embora haja exemplos de maioria mais expressiva no colégio eleitoral do que no voto direto, como na eleição de Abraham Lincoln em 1860.
Em outras nações, o presidencialismo divergiu em muitos aspectos do modelo americano. Nos países europeus em que a forma de governo é republicana e o sistema parlamentarista, o presidente é eleito para um mandato estabelecido por lei e ocupa a posição de chefe de estado, enquanto o primeiro-ministro exerce a função de chefe de governo. As atribuições do presidente se assemelham às dos monarcas constitucionais. Na Suíça o poder executivo é exercido pelo Conselho Federal, colegiado de sete membros eleitos para um período de quatro anos pela Assembléia Federal, que a cada ano elege um deles para o exercício da presidência. Na América Latina, a tendência histórica tem sido o fortalecimento do executivo sem equilíbrio entre os poderes, o que levou com freqüência muitas nações a ditaduras que prescindiam não só do legislativo e do judiciário como da própria participação popular.
No Brasil, o presidencialismo estabelecido na constituição republicana de 1891 passou por mudanças profundas, ocasionadas por conflitos políticos, revoltas regionais civis, rebeliões militares e inquietação econômica decorrente da grave crise financeira mundial de 1929. A revolução de 1930 deu início ao "presidencialismo forte" de Getúlio Vargas, que se prolongou até 1945. Nas duas décadas seguintes, o presidencialismo pautou-se pela constituição de 1946, com voto direto e popular. A intervenção militar de 1964 interrompeu o ciclo, substituído pela presidência dos generais, que se revezaram no poder pelo voto indireto do Congresso, transformado em colégio eleitoral. Com a constituição de 1988, o presidencialismo recuperou características próximas às do sistema americano, com o fortalecimento do legislativo e do judiciário.

Países presidencialistas (Fonte: Wikipedia) 

Veja também:

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