" História, o melhor alimento para quem tem fome de conhecimento" PPDias

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Histórias

Uma crônica sobre o professor de História
O professor de História, no seu primeiro dia de aula, entra e os a
lunos nem percebem, conversando, falando ou jogando no celular. Ele escreve na velha lousa um imenso H, e depois vai desenhando cabeças com bigodes e barbas, enxada, foice. A turma foi prestando atenção, trocando risinhos, e agora espera curiosa. Finalmente ele fala:
– Não vamos estudar aquela História com H, só com heróis e grandes eventos! Vamos estudar a partir da nossa história, daonde e como viemos. Por exemplo, como é seu sobrenome?
– Oliveira.
– Pois é, muitos Oliveiras têm esse nome porque eram imigrantes europeus, fugidos de perseguições religiosas, então adotavam nomes de árvores ou plantas, Oliveira, Pereira, Trigueiro e tantos outros. E o seu sobrenome?
Santos.
– Foi o nome adotado por muitos ex-escravos ou filhos mestiços de fazendeiros com escravas. Você é, como diz o IBGE, pardo, o que não é vergonha nem demérito algum, ao contrário, a maioria do povo brasileiro é pardo. E o seu sobrenome?
– Vicentini.
– Origem italiana. Os italianos, como os espanhóis, alemães, japoneses, vieram para cá para bater enxada, trabalhar nos cafezais quando os escravos foram libertados.
O engraçadinho da turma levanta o braço:
– Meu sobrenome é Silva, professor. Tem mais Silva na lista telefônica que formiga em formigueiro. Daonde eu vim?
– Da selva. Silva é selva, em latim. Foi o nome dado pelos romanos antigos aos que vinham das florestas para morar na cidade, eram os “da selva”. Se a gente pensar que a maioria das pessoas morava no campo há meio século, e depois se mudou em massa para as cidades, a origem do nome até se justifica.
A turma espera em silêncio: aonde ele quer chegar?
– Proponho o seguinte. Vocês conversem com seus pais, avós, tios, para saber dos antepassados. Daonde vieram, por que, trabalharam e viveram onde e como. Cada um contará então a história de sua família, e daí vamos situar essa história familiar na história social. Vamos falar da cafeicultura, por exemplo, depois que alguém falar que seu avô trabalhou com café.
Uma mocinha levanta a mão:
– Não só meu avô, professor, minha avó conta que também trabalhava. Levantava às cinco, fazia café, dava de mamar ao nenê, porque ela diz que sempre tinha um nenê no ombro, outro na barriga e uma criança na barra da saia. Depois de fazer o café e tratar das galinhas, recolher os ovos, tirar leite das vacas e cuidar da horta, ela ia levar marmita pro meu avô e os filhos maiores no cafezal, e ficava lá também batendo enxada até o meio da tarde, quando voltava pra preparar e janta e…
– Bem, só com isso que você contou podemos estudar a cafeicultura e o feminismo, comparando as famílias daquele tempo e de hoje, tantas mudanças. Cada um de vocês, com sua história, vai acender o fogo do conhecimento em cada aula. Eu só vou botar lenha, dar as informações, vocês vão dar vida à História, que aí, sim, vai merecer H maiúsculo! Combinado?
Os alunos aplaudem, entusiasmados, comentam: nossa, massa, uau, professor maneiro!… Saem, e depois ele, saindo, dá com o diretor nervoso:
– Eu ouvi sua aula, professor, aqui ao lado da porta, como faço com todo novato! O senhor tire essas ideias da cabeça, viu? Vai ensinar conforme o programa, começando pelo descobrimento, as três caravelas, a calmaria etc. Entendido? Ora, onde já se viu, História viva… Só por cima do meu cadáver!
O professor novato vai pelo corredor, sentindo-se morrer por dentro. Na sala dos professores, nas paredes estão Tiradentes e o crucifixo de Jesus, dois mártires. Ele chora, perguntam por que, apenas consegue dizer “não é nada, é uma longa História”.

domingo, 8 de setembro de 2013

Documentário sobre a história da escravidão africana no Brasil



Brasil - Uma história inconveniente 

Sinopse: Portugal foi responsável pela maior emigração forçada da história da humanidade. De Angola chegou ao Brasil um número 10 vezes superior de escravos comparado à America do Norte. Este documentário, sobre o passado colonial do Brasil, foi realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001. Uma verdade inconveniente da história de Portugal.
Enquanto todo o mundo conhece a história da escravidão nos EUA, poucas pessoas percebem que o Brasil foi, na verdade, o maior participante do comércio de escravos. Quarenta por cento de todos os escravos que sobreviviam à travessia do Atlântico eram destinados ao Brasil, quando apenas 4% iam para os EUA. Chegou uma época em que a metade da população brasileira era de escravos. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888. O documentário tem depoimentos dos historiadores João José Reis, Cya Teixeira, Marilene Rosa da Silva; do antropologista Peter Fry e outras pessoas que contam os efeitos de séculos de escravidão no Brasil de hoje. Este é um importante documentário sobre a história dos negros, história africana e estudos latino americanos.

Direção: Phil Grabsky
Áudio: Português/Inglês
Legenda: Português
Duração: 00:46:54

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sítios arqueológicos de Carangola são afetados por obras do mineroduto de Eike Batista.


O novo traçado programado pela empresa Anglo e aprovado pelo Ibama (para o Mineroduto ligado ao 
projeto de instalação do Complexo Portuário do Açu, idealizado pelo empresário Eike Batista) passa por três sítios arqueológicos, conhecidos como Córrego do Maranhão, Toca dos Puris e um recém-descoberto sítio arqueológico que fica no imóvel Fazenda Santa Cruz, no distrito mineiro de Alvorada, todos no município mineiro de Carangola. Segundo o procurador Lucas Moraes, as escavações da Anglo no Córrego do Maranhão já ocasionaram prejuízos irreparáveis aos bens culturais da região. No local, havia uma antiga aldeia Tupi Guarani do ano 400 depois de Cristo, sendo o mais antigo sítio arqueológico dessa natureza na zona da mata mineira, que foi destruído pelas obras da empresa, segundo as investigações do MPF/MG. Pelo crime ambiental, a Anglo foi multada em R$1,2 milhão, que está sendo aplicado na construção do primeiro Centro de Referência em Arqueologia (CRA) no Estado de Minas Gerais.

A Toca dos Purís, que abriga um cemitério indígena do século XVIII, ainda não sofreu a degradação das escavações, assim como o sítio da fazenda Santa Cruz, que começou a ser ocupada pela Anglo na sexta-feira passada ((23). “Na fazenda Santa Cruz, os pesquisadores encontraram restos de cerâmica de origem pré-colombiana, que estão espalhados numa área bastante extensa, que com a trepidação dos maquinários pesados podem ser completamente destruídos”, ressaltou o procurador.

A advogada Carla de Araújo, que representa a família Musse, proprietária do Sítio Santa Cruz, entrou com ação civil no Ministério Público Federal solicitando que as obras da Anglo sejam delimitadas à uma área de 50 metros do sítio arqueológico. As atividade iniciadas no local na semana passada, estão à apenas 25 metros da reserva cultural. “Essa distância não é segura para a preservação do bem recém-descoberto, de acordo com o alerta de arqueólogos que estiveram na fazenda para avaliar a situação. Porém, o IPHAN [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] liberou a mudança proposta da Anglo, diminuindo a distância entre as escavações e o sítio arqueológico”, contou a advogada. Segundo Carla, existe um caminho alternativo na parte detrás da fazenda, que poderia ser utilizada pela empresa. “Isso prova a falta de critério nas atividades da Anglo, que não prisma pela preservação do meio ambiente”, destacou ela.

Reportagem completa: http://migre.me/fWMJb

A Equipe de pesquisadores do MAEA UFJF realizando uma
 Campanha de Escavação Arqueológica
no sítio Córrego do Maranhão situado
 no distrito de Alvorada, município de Carangola MG.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Lançamento de livro: Os bispos católicos e a ditadura militar brasileira a visão da espionagem



"Este livro é um exemplo marcante da verdadeira revolução que a historiografia sobre o regime militar vem experimentando. Com a abertura de documentos outrora sigilosos produzidos entre 1964 e 1985, novas análises trazem à luz dados que possibilitam análises mais precisas daquele período. Esses documentos nos permitem entender como pensavam os agentes da repressão, que montaram uma teia nacional de espionagem com o propósito de inculpar os críticos da ditadura. Em Os bispos católicos e a ditadura militar brasileira: a visão da espionagem, Paulo César Gomes Bezerra mostra como esta comunidade de informações vigiava um setor específico, os bispos católicos que faziam oposição aos desmandos dos governos militares. Além de trabalhar com documentos inéditos e até recentemente secretos, o autor não adere a explicações simplistas e mostra a complexidade dos atores envolvidos, como os chamados “bispos progressistas” (lembremo-nos de que a Igreja apoiou golpe de 1964). Este trabalho aborda questões delicadas, mas o faz de maneira serena e bem fundamentada – como, aliás, sempre ocorre com os livros destinados a permanecer."
Carlos Fico
Professor Titular de História do Brasil da UFRJ

"Pesquisando os arquivos da chamada “comunidade de informações”, garimpados por mão segura e olhar aguçado, dialogando com a melhor literatura sobre o assunto, Paulo César Gomes Bezerra reconstitui esta trama complexa – recoberta e dissimulada por grossas camadas de memória -, apanhada em seus meios-tons e matizes diferenciados, tortuosa e contraditória como a vida.
É o que faz deste livro um trabalho de História"
Daniel Aarão Reis
Professor Titular de História Contemporânea da UFF

Veja também:

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