“Somos o que lembramos”. Essa afirmação do historiador Jacques Le Goff demonstra o peso da lembrança e, igualmente, do esquecimento para as nossas vidas. Tanto a nossa existência pessoal quanto coletiva é construída tendo por base não só o que lembramos, mas também o que esquecemos e o que lembram sobre nós.
A imensa rede de esquecimentos e lembranças sustenta a nossa vida em sociedade e o nosso lugar no mundo. As identidades, pessoais e coletivas, passam a fazer sentido quando o passado é percebido como herança de toda uma comunidade. A memória social é mais que um conteúdo específico: é também uma abordagem que privilegia o entendimento do passado e do presente como continuidade e rupturas. Trata-se, sim, de um sistema que diz respeito a todo um grupo, e não apenas o lembrar e o esquecer como um processo biológico que faz parte da vida cotidiana individual. Nas aulas de História, a memória social é recuperada por meio das lembranças da comunidade local, do patrimônio material e imaterial das cidades e das tradições coletivas. As festas, os modos de vida, as manifestações populares, os objetos e vestuários, as construções e monumentos são importantes expressões dessa memória coletiva, que permite lançar um entendimento maior sobre o passado e o presente de uma comunidade. Existe uma memória das cidades, dos caminhos e dos espaços que são socialmente construídos. Nela, a população reconhece o seu passado e constrói o seu presente. A memória afetiva das pessoas e dos grupos sociais é compartilhada coletivamente, e cabe à Escola transformar essa memória em oportunidade de aprendizado.
Fonte: Revista de história da Biblioteca Nacional.
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