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domingo, 18 de fevereiro de 2018

A queda da Monarquia e a Proclamação da República



A crise do Império brasileiro foi o resultado de vários fatores de ordem econômica, social e política que somando-se, conduziram importantes setores da sociedade a uma conclusão: a Monarquia precisava ser superada para dar lugar a um outro regime político, mais adaptado aos problemas da época.
A crise do Império foi marcada por uma série de questões que desembocaram na proclamação da República.
·         Questão abolicionista ( ou escravista): Os senhores de escravos, principalmente os do Vale do Paraíba e da Baixada Fluminense, não se conformaram com a abolição da escravidão e com o fato de não terem sido indenizados. Sentindo-se abandonados pela Monarquia, acabaram também abandonando-a, passando a apoiar a causa republicana. Surgem, então, os chamados Republicanos de 13 de maio.
·         Questão republicana: As ideias republicanas faziam parte de diversos movimentos brasileiros com a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador, etc. Contudo, somente a partir de 1870, o movimento republicano ganhou uma formação mais sólida e concreta. Nesse ano, foi lançado no Rio de Janeiro um Manifesto Republicano que, em um dos seus trechos, afirmava: “Somos da América e queremos ser americanos”. Isso significava que, no continente americano, o Brasil era o único país que mantinha o regime monárquico. Três anos depois do aparecimento do Manifesto Republicano, foi fundado o Partido Republicano Paulista, na Convenção de Itu, em São Paulo. Este Partido, que se tornou um dos principais núcleos das ideias republicanas, era apoiado por importantes fazendeiros de café de São Paulo, contando com adeptos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
·         Questão religiosa:  Desde o período colonial, a Igreja Católica era uma instituição submetida ao Estado pelo regime de padroado. Isso significava, entre outras coisas, que nenhuma ordem do Papa poderia vigorar no Brasil, sem que fosse aprovada pelo Imperador, o governo também nomeava os bispos e remunerava os sacerdotes. Ocorre que, em 1872, D. Vidal e D. Macedo, bispos de Olinda e de Belém, respectivamente, resolveram seguir ordens do Papa, punindo irmandades religiosas que apoiavam os maçons. D. Pedro II, influenciado pela Maçonaria, decidiu intervir na questão, solicitando aos bispos que suspendessem as punições. Estes se recusaram a obedecer ao Imperador e, por isso, foram condenados a quatro anos de prisão. Em 1875, os bispos receberam o perdão imperial e foram colocados em liberdade. Contudo, o Império foi perdendo a simpatia da Igreja.
·         Questão militar: Depois da Guerra do Paraguai (1864 -1870), o Exército brasileiro foi adquirindo cada   vez mais importância dentro da sociedade. O Governo Imperial, entretanto, teimava em não reconhecer esta importância, relegando-o a posição secundária. O descaso que alguns políticos e ministros conservadores tinham pelo Exército levava-os a punir elevados oficiais por motivos qualificados como indisciplina militar. O ponto de partida para as questões militares foi a proibição, em 1884, aos oficiais do exército de se manifestarem publicamente por meio da imprensa sem a devida licença do ministro da Guerra. É dentro deste pano de fundo que surge em 1884 a questão militar, provocada pela revolta de importantes chefes do Exército, como o Marechal Deodoro, contra as punições disciplinares conferidas ao tenente-coronel Antônio Sena Madureira e ao Coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos. A repressão imperial aumentou a agitação política nos quarteis e empurrou ainda mais os militares para as ideias republicanas. Poucos anos depois, a corporação não hesitaria em depor a Monarquia, abrindo fogo contra seus inimigos.
No decorrer de 1889, o jornalista Quintino Bocaiúva, escolhido chefe nacional do movimento republicano, procurou se aproximar dos militares em busca de apoio na luta contra a monarquia. No dia 11 de novembro, um grupo conseguiu convencer o marechal Deodoro da Fonseca a apoiar a causa republicana. Até então, Deodoro, que não era positivista, encontrava-se relutante, devido à sua amizade com o imperador.
Ao mesmo tempo, os militares republicanos do Rio de Janeiro estabeleceram contatos com lideres civis de São Paulo, que apoiaram a ideia de um golpe para proclamar a República. Marcado para o dia 20 de novembro, ele foi antecipado. É que, no dia 14, um major espalhou o boato de que o governo decretara a prisão de Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant.
Na véspera de 15 de novembro, Benjamin Constant esteve na casa de Deodoro, que estava doente: “Creio que não amanhece e se morrer a revolução está gorada.”
De manhã, o moribundo da véspera era o redivivo. Deodoro dormira mal a noite, com dificuldade para respirar. Quintino  Bocaiúva e Benjamin Constant  foram busca-lo. Deodoro usava uniforme sobrecasaca, de botões dourados, sem espada. Os três, de carro, seguiram ao encontro da tropa, em frente ao Quartel-General. Ali o ministério estava reunido.
Deodoro se propunha a depor o governo, mas sem acabar com o Império nem derrubar o imperador que era seu amigo. Devido ao seu estado de saúde, só ali é que montou a cavalo. Como de praxe, ao assumir o comando da tropa, erguendo o boné, deu o grito de “Viva o imperador” que, segundo testemunhas, foi abafado por salvas de artilharia, ordenadas por Benjamin Constant.
Deodoro, doente e abatido, entra no Quartel-General e fala a Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros: “Vossa Excelência e seus colegas estão demitidos por haverem perseguido oficiais do Exército. Nos pântanos do Paraguai, muitas vezes atolado, sacrifiquei minha saúde em benefício da pátria...”
Ouro Preto, altivo, responde: “Maior sacrifício, general, estou fazendo, ouvindo-o falar”. Fora, ouviam-se vivas à República.
Os republicanos queriam uma declaração explícita da mudança do regime. À tarde, reuniram-se com Deodoro, na sua casa, que ainda não havia resolvido se aceitava ou não a República. Mas, quando soube que o imperador havia chamado seu inimigo Silveira Martins para formar um novo governo, Deodoro decidiu-se em favor dos republicanos e, mais tarde, assinou a proclamação acabando com o Império.

No dia seguinte, o major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro entregou a dom Pedro II uma comunicação, cientificando-o da proclamação da república e ordenando sua partida para a Europa, a fim de evitar conturbações políticas. Dom Pedro, após da saída dos oficiais, ditou para Franklin Américo de Meneses Dória, o barão de Loreto, e depois assinou a resposta ao marechal Deodoro: "À vista da representação escrita, que foi entregue hoje às 3h da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com toda a minha família amanhã, deixando esta pátria, de nós estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, pois, eu com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil e mais saudosa lembrança, fazendo ardentes votos por sua grandeza e prosperidade. Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889. dom Pedro d´Alcântara."  A família imperial brasileira exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida a sua volta ao Brasil na década de 1920. No dia 5 de dezembro de 1891, morre em Paris, o último imperador do Brasil, Dom Pedro II. Vítima de uma pneumonia, faleceu aos 66 anos.

Adaptado de:

AZEVEDO, Gislaine Campos. História em movimento: ensino médio /Gislaine Campos Azevedo, Reinaldo Seriacopi - São Paulo: Ática. 2010.
COTRIM, Gilberto. História  do Brasil: para uma geração consciente - São Paulo. Saraiva. 1998.
PILETTI, Nelson. História e vida / Nelson Piletti, Claudino Piletti - São Paulo. Ática. 2000. 
REY, Marcos. Proclamação da República. São Paulo. Ática, 1985, p. 18.


3 comentários:

  1. Olá pedro, aqui é o Weverton seu aluno (9° D) muito legal seu blog.
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    ATT: Weverton Souza (9ºD)

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