A crise do Império brasileiro foi o resultado de
vários fatores de ordem econômica, social e política que somando-se, conduziram
importantes setores da sociedade a uma conclusão: a Monarquia precisava ser
superada para dar lugar a um outro regime político, mais adaptado aos problemas
da época.
A crise do Império foi marcada por uma série de
questões que desembocaram na proclamação da República.
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Questão
abolicionista ( ou escravista): Os senhores de escravos,
principalmente os do Vale do Paraíba e da Baixada Fluminense, não se
conformaram com a abolição da escravidão e com o fato de não terem sido
indenizados. Sentindo-se abandonados pela Monarquia, acabaram também
abandonando-a, passando a apoiar a causa republicana. Surgem, então, os
chamados Republicanos de 13 de maio.
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Questão
republicana: As ideias republicanas faziam parte de diversos movimentos
brasileiros com a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a Revolução
Pernambucana, a Confederação do Equador, etc. Contudo, somente a partir de
1870, o movimento republicano ganhou uma formação mais sólida e concreta. Nesse
ano, foi lançado no Rio de Janeiro um Manifesto
Republicano que, em um dos seus trechos, afirmava: “Somos da América e
queremos ser americanos”. Isso significava que, no continente americano, o
Brasil era o único país que mantinha o regime monárquico. Três anos depois do
aparecimento do Manifesto Republicano, foi fundado o Partido Republicano Paulista, na Convenção de Itu, em São Paulo.
Este Partido, que se tornou um dos principais núcleos das ideias republicanas,
era apoiado por importantes fazendeiros de café de São Paulo, contando com
adeptos no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.
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Questão
religiosa: Desde o período colonial, a Igreja
Católica era uma instituição submetida ao Estado pelo regime de padroado. Isso
significava, entre outras coisas, que nenhuma ordem do Papa poderia vigorar no
Brasil, sem que fosse aprovada pelo Imperador, o governo também nomeava os
bispos e remunerava os sacerdotes. Ocorre que, em 1872, D. Vidal e D. Macedo,
bispos de Olinda e de Belém, respectivamente, resolveram seguir ordens do Papa,
punindo irmandades religiosas que apoiavam os maçons. D. Pedro II, influenciado
pela Maçonaria, decidiu intervir na questão, solicitando aos bispos que
suspendessem as punições. Estes se recusaram a obedecer ao Imperador e, por
isso, foram condenados a quatro anos de prisão. Em 1875, os bispos receberam o
perdão imperial e foram colocados em liberdade. Contudo, o Império foi perdendo
a simpatia da Igreja.
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Questão
militar: Depois da Guerra do Paraguai (1864 -1870), o Exército
brasileiro foi adquirindo cada vez mais importância dentro da sociedade. O
Governo Imperial, entretanto, teimava em não reconhecer esta importância,
relegando-o a posição secundária. O descaso que alguns políticos e ministros
conservadores tinham pelo Exército levava-os a punir elevados oficiais por
motivos qualificados como indisciplina militar. O ponto de partida para as
questões militares foi a proibição, em 1884, aos oficiais do exército de se
manifestarem publicamente por meio da imprensa sem a devida licença do ministro
da Guerra. É dentro deste pano de fundo que surge em 1884 a questão militar,
provocada pela revolta de importantes chefes do Exército, como o Marechal
Deodoro, contra as punições disciplinares conferidas ao tenente-coronel Antônio
Sena Madureira e ao Coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos. A repressão
imperial aumentou a agitação política nos quarteis e empurrou ainda mais os
militares para as ideias republicanas. Poucos anos depois, a corporação não
hesitaria em depor a Monarquia, abrindo fogo contra seus inimigos.
No decorrer de 1889, o jornalista Quintino Bocaiúva,
escolhido chefe nacional do movimento republicano, procurou se aproximar dos
militares em busca de apoio na luta contra a monarquia. No dia 11 de novembro,
um grupo conseguiu convencer o marechal Deodoro da Fonseca a apoiar a causa
republicana. Até então, Deodoro, que não era positivista, encontrava-se
relutante, devido à sua amizade com o imperador.
Ao mesmo tempo, os militares republicanos do Rio de
Janeiro estabeleceram contatos com lideres civis de São Paulo, que apoiaram a
ideia de um golpe para proclamar a República. Marcado para o dia 20 de
novembro, ele foi antecipado. É que, no dia 14, um major espalhou o boato de
que o governo decretara a prisão de Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant.
Na véspera de 15 de novembro, Benjamin Constant esteve
na casa de Deodoro, que estava doente: “Creio que não amanhece e se morrer a
revolução está gorada.”
De manhã, o moribundo da véspera era o redivivo.
Deodoro dormira mal a noite, com dificuldade para respirar. Quintino Bocaiúva e Benjamin Constant foram busca-lo. Deodoro usava uniforme
sobrecasaca, de botões dourados, sem espada. Os três, de carro, seguiram ao
encontro da tropa, em frente ao Quartel-General. Ali o ministério estava
reunido.
Deodoro se propunha a depor o governo, mas sem acabar
com o Império nem derrubar o imperador que era seu amigo. Devido ao seu estado
de saúde, só ali é que montou a cavalo. Como de praxe, ao assumir o comando da
tropa, erguendo o boné, deu o grito de “Viva
o imperador” que, segundo testemunhas, foi abafado por salvas de
artilharia, ordenadas por Benjamin Constant.
Deodoro, doente e abatido, entra no Quartel-General e
fala a Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros: “Vossa Excelência e seus colegas estão demitidos por haverem perseguido
oficiais do Exército. Nos pântanos do
Paraguai, muitas vezes atolado, sacrifiquei minha saúde em benefício da
pátria...”
Ouro Preto, altivo, responde: “Maior sacrifício, general, estou fazendo, ouvindo-o falar”. Fora,
ouviam-se vivas à República.
Os republicanos queriam uma declaração explícita da
mudança do regime. À tarde, reuniram-se com Deodoro, na sua casa, que ainda não
havia resolvido se aceitava ou não a República. Mas, quando soube que o
imperador havia chamado seu inimigo Silveira Martins para formar um novo
governo, Deodoro decidiu-se em favor dos republicanos e, mais tarde, assinou a
proclamação acabando com o Império.
No dia seguinte, o major Frederico
Sólon de Sampaio Ribeiro entregou a dom Pedro II uma comunicação, cientificando-o
da proclamação da república e ordenando sua partida para a Europa, a fim de evitar conturbações
políticas. Dom Pedro, após da saída
dos oficiais, ditou para Franklin Américo de Meneses Dória, o barão de Loreto,
e depois assinou a resposta ao marechal Deodoro: "À vista da representação escrita, que foi entregue hoje às 3h da
tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com toda a minha
família amanhã, deixando esta pátria, de nós estremecida, à qual me esforcei
por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase
meio século em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, pois,
eu com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil e mais saudosa
lembrança, fazendo ardentes votos por sua grandeza e prosperidade. Rio de
Janeiro, 16 de novembro de 1889. dom Pedro d´Alcântara." A família
imperial brasileira exilou-se na Europa, só lhes sendo permitida a sua volta ao
Brasil na década de 1920. No dia 5 de dezembro
de 1891, morre em Paris, o último imperador do Brasil, Dom Pedro II. Vítima de
uma pneumonia, faleceu aos 66 anos.
Adaptado de:
AZEVEDO, Gislaine Campos. História em movimento: ensino médio /Gislaine Campos Azevedo, Reinaldo Seriacopi - São Paulo: Ática. 2010.
COTRIM, Gilberto. História do Brasil: para uma geração consciente - São Paulo. Saraiva. 1998.
PILETTI, Nelson. História e vida / Nelson Piletti, Claudino Piletti - São Paulo. Ática. 2000.
REY, Marcos. Proclamação da República. São Paulo. Ática, 1985, p. 18.
Olá pedro, aqui é o Weverton seu aluno (9° D) muito legal seu blog.
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Adicionei seu blog no site dá uma conferida lá,
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ATT: Weverton Souza (9ºD)
Valeu Weverton! Muito obrigado.
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