A Pinakotheke Cultural Rio apresenta, no dia 22 de setembro de 2016 para convidados e no dia seguinte para o público, a exposição “A Missão Artística Francesa e seus discípulos”, que comemora o bicentenário da chegada Missão Artística Francesa (1816-2016). Com curadoria de Maria Eduarda Marques e Max Perlingeiro, a mostra reúne pinturas, desenhos , gravuras esculturas, documentos, além de peças de numismática. São obras raramente vistas, produzidas por artistas que integraram a Missão, seus discípulos e também de seu antecessor Nicolas Poussin (1594-1665), cuja pintura em óleo sobre tela “Himeneu travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo, 1634-1638”, da coleção do MASPe pela primeira vez em exposição no Rio de Janeiro.
Como sempre nas exposições da Pinakotheke Cultural, a mostra será acompanhada de uma publicação, com as imagens das obras e textos dos dois curadores, e ainda do filósofo, sociólogo e crítico francês Jacques Leenhardt, que recentemente publicou o livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil – Jean-Baptiste Debret” (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo), resultado de mais de dez anos de pesquisa.
A vinda da Missão Francesa ao Brasil é o fato fundamental da história da pintura no século XIX. A corte portuguesa, fugindo à invasão das tropas francesas de Napoleão, sob o comando do general Jean-Andoche Junot (1771-1813), aportou na Bahia no início de 1808, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro. O fato é que a “Missão Francesa” – o grupo de artistas e artífices reunidos por seu líder Joachim Lebreton (1760-1819) – chegou ao Rio de Janeiro a bordo do brigue de três mastros “Calpe”, de bandeira norte-americana, na data de 20 de março de 1816
Um dos destaques da mostra é o quadro de Nicolas Poussin (1594-1665), um dos mestres da pintura francesa, que pertenceu à família real espanhola. O painel de grandes dimensões dacoleção MASP, que mede 167cm x 376cm, será exposto pela primeira vez no Rio de Janeiro. A grande surpresa do processo da restauração foi a aparição de um falo ereto na figura central do quadro, o “deus Príapo”, da fecundidade e dos jardins, que sofreu, em séculos anteriores, "repinte de pudor". A tela “Himeneu travestido assistindo a uma dança em honra a Príapo” mostra o deus grego do casamento, vestido de mulher, em uma dança para Príapo, que costuma ser representado com o falo em perpétua ereção. Sua pintura repercutiu nos pintores neoclássicos dos séculos XVII ao XIX. Considerado fundador do classicismo francês, Poussin influenciou todo o classicismo europeu, em especial a arte de Jacques Louis David, que adotou o rigor formal de suas composições. David acrescentou o sentido da virtude revolucionária ao ideal clássico de Poussin. Os artistas franceses que integraram a chamada “Missão Artística” de 1816, formados nos cânones do neoclássico, e contemporâneos de David, eram filiados à arte de Poussin, que lhes serviu de referência estética.
Pintura de Debret que retrata chefe indígena Bororo (Foto: Divulgação/ Pinakotheke Cultural Rio) |
Fonte: Jornal do Brasil
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