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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Entre cantos e chibatas

A convite do blog do ims, a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz analisou uma série de imagens que retratam o negro na sociedade brasileira e pertencem ao acervo do Instituto Moreira Salles. São fotos sobretudo do século 19, reveladoras de contradições de um período em que o Brasil teve fotógrafos de objetivos distintos, que vão da criação de uma imagem apaziguadora da escravidão ao levantamento amplo das diferentes funções dos escravos até a Abolição.
Bloco 1: Deusas e mucamas
Nesta primeira parte, Lilia Schwarcz observa as semelhanças e disparidades nas imagens capturadas ao ar livre ou em ateliê. A antropóloga se apoia em definição de Susan Sontag, segundo a qual a “fotografia serve à mentira”, para definir o que é jogo de cena. E é justamente esse falseamento que ela identifica nos ateliês dos fotógrafos: “Tudo é uma mentira, tudo é uma composição”. Chamam atenção as negras expostas como mulheres sensuais e aquelas que se ornam com fidelidade às origens.


Bloco 2: O eito e a casa grande
Neste segundo bloco, Augusto StahlG. Gaensly e R. LindemannGeorges LeuzingerHenschel & Benque são destacados. Lilia Schwarcz analisa como é notável como os retratos da mulher e do homem escravos são distintos. Os homens aparecem mais vinculados ao trabalho, enquanto as mulheres encontram representação mais variada por causa da domesticidade. As vestes são determinantes da relação com o senhor branco. Nos retratos de tipos exóticos, vê-se que são apartados da casa grande; nos de negros domesticados, que são incluídos.
Bloco 3: Tipologia e encenação
O terceiro segmento traz uma ampla série de fotos de Marc Ferrez. Lilia Schwarcz observa que Ferrez faz o levantamento das variadas funções dos escravos para não vê-los apenas como trabalhadores da lavoura. Para ela, a natureza aparece em suas imagens de forma muito organizada. Mesmo fora do ateliê, a falta de naturalidade pode ser percebida pela disposição da cena.
Bloco 4: O negro pitoresco
No último bloco, Lilia Schwarcz reflete sobre o conjunto de imagens depois de apontar, em três imagens de Victor Frond dos anos de 1858 e 1859, uma composição que nitidamente serve para levar ao estrangeiro a imagem de uma escravidão amena – como se, embora ainda perdurasse no Brasil, a escravidão não fosse de todo negativa.

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