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domingo, 8 de agosto de 2010

Personalidades históricas: Maquiavel

Gênio da ciência política, Maquiavel inaugurou a astúcia inescrupulosa como método de governo, por detectar e sistematizar pioneiramente a amoralidade peculiar à conquista e ao exercício do poder. Patriota florentino, no exílio de San Casciano contou, em carta, que de dia fazia excursões no campo e, de noite, pesquisava, em livros da antiguidade romana, "como se conquista o poder, como se mantém o poder e como se perde o poder".
O estadista e escritor Nicolau Maquiavel (em italiano, Niccolò Machiavelli) nasceu em Florença em 3 de maio de 1469. A partir de 1498 serviu como chanceler e, mais tarde, secretário das Relações Exteriores da República de Florença. Tais cargos, apesar dos títulos, eram modestos e limitavam-se a funções de redação de documentos oficiais. Ofereceram-lhe, porém, a oportunidade de vivenciar os bastidores da atividade política. Ocasionalmente, Maquiavel desempenhou missões no exterior (França, Suíça, Alemanha) e em 1502-1503 passou cinco meses como embaixador junto a César Borgia, filho do papa Alexandre VI, cuja política enérgica e sem escrúpulos o encheu de admiração.
Em 1512, no entanto, quando os Medici derrubaram a república e retomaram o governo de Florença, Maquiavel foi destituído de seu posto e preso. Exilado na propriedade de San Casciano, perto de Florença, ali escreveu Il principe (1513-1516; O príncipe), em que expôs a teoria política que lhe deu fama. Em 1519, anistiado, voltou a Florença para exercer funções político-militares. Durante o exílio, escreveu também L'arte della guerra -- em que preconiza a extinção das forças armadas permanentes, por ameaçarem a república, e a criação de milícias populares -- e os Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio (Comentários sobre os primeiros dez livros de Tito Lívio), em que analisa as vicissitudes da história romana e compara-as com as de seu próprio tempo. As duas obras são indispensáveis à correta interpretação do pensamento que percorre as páginas de Il principe.
Entre 1519 e 1520, Maquiavel escreveu a maior comédia da literatura italiana, La mandragola (1524; A mandrágora), como "divertimento em tempos tristes". Peça de alto teor erótico e humor sarcástico, dela se disse que "é a comédia da sociedade de que Il principe é a tragédia". Em 1520 Maquiavel tornou-se historiador oficial da república e começou a escrever as Istorie fiorentini (1520-1525; Histórias de Florença), tratado em estilo clássico, consagrado como primeira obra da historiografia moderna.

O príncipe. Foi, porém, com o pequeno livro Il principe que Maquiavel revolucionou a teoria do estado e criou as bases da ciência política. Homem do Renascimento, ao romper com a moral cristã medieval,  estudou com objetividade os meios e fins da ação política, com base na observação estrita de sua realidade. Elaborou assim uma teoria política realista e sistemática, em que pela primeira vez se separava a moral dos indivíduos da moral (ou razão) de estado. Maquiavel foi, desse modo, o primeiro teórico moderno, o primeiro técnico da política.
Indignado com a decadência política e moral de sua terra, o autor dirige conselhos a um príncipe imaginário, retrato algo fantasioso de César Borgia, para conquistar o poder absoluto, acabar com as dissensões internas e expulsar os "bárbaros" estrangeiros do país. Prosador admirável, de estilo um tanto latinizante e seco, embora irônico,  recomenda todos os meios, inclusive a mentira, a fraude e a violência. No complexo de sugestões apresentadas ao príncipe originaram-se as práticas políticas conhecidas como maquiavelismo. É necessário, porém, distinguir entre essa noção vulgar que se passou a ter de "maquiavelismo" e a teoria de Maquiavel. Nesta, o que sobressai é o realismo iniludível de quem se pautou pelos fatos, documentos e experiências, não nas idéias ou ideais filosóficos.
Desde a antiguidade o poder foi freqüentemente tomado, mantido ou perdido segundo os meios apontados por Maquiavel, mas antes dele ninguém tomou consciência real e prática das características inerentes ao fenômeno político e suas manifestações. De seu trabalho se depreende o princípio segundo o qual, em política, os fins justificam os meios e a ética do estado é a do bem público: em sua obra, o príncipe tudo pode, e tudo deve fazer, se tiver por meta a felicidade de seu povo. Caso aja de outra forma, é derrotado por outro príncipe.
Em 1527, o saque de Roma pelo imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, restabeleceu a república em Florença. Maquiavel, visto como favorito dos Medici, foi excluído de toda atividade política. Pobre, desiludido e amargurado, morreu na cidade natal em 22 de junho de 1527.

Um comentário:

  1. Oii!
    Adorei o post sobre Maquiavel, fantástico *-*
    O Nas águas da História mudou de endereço!
    Não deixe pra depois!
    http://nasaguasdahistoria.blogspot.com/
    Um beijo!

    Vanessa Sousa
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