" História, o melhor alimento para quem tem fome de conhecimento" PPDias

sábado, 28 de agosto de 2010

O Encilhamento


A inflação desenfreada, o delírio da especulação, o surgimento de empresas fictícias e uma onda de falências, foram as conseqüências do encilhamento.
Especuladores correndo aos bancos
Encilhamento é o nome dado a uma crise financeira ocorrida no Rio de Janeiro entre os anos de 1890 e 1892, durante o governo provisório que se seguiu à proclamação da república. O termo encilhamento, originado do jargão turfístico, refere-se ao local, no hipódromo da cidade, onde se colocavam as cilhas e arreios nos animais, e onde também se faziam as apostas. Foi assim usado para designar a verdadeira jogatina com os títulos da bolsa de valores, em alta artificial crescente.
Depois da abolição da escravatura, em 1888, os fazendeiros não tinham dinheiro para pagar os empregados e pressionaram o governo imperial para conseguir empréstimos. Começou então a emissão de papel-moeda, repassado aos fazendeiros pelos bancos privados. Essa política, executada pelos dois últimos gabinetes do império, não foi suficiente para salvar as lavouras de café do vale do Paraíba e inaugurou o regime que levaria ao encilhamento.
No primeiro governo republicano, a pasta da Fazenda foi entregue a Rui Barbosa, opositor da política econômica do império, mas que -- certo da escassez do meio circulante -- deu continuidade à emissão de moeda e títulos. A expansão da base monetária tornou-se então um fator produtivo da economia. Na concepção de Rui, o encilhamento levaria o país ao crescimento industrial, graças ao crédito fácil, e libertaria de vez o Brasil dos vícios econômicos gerados pela escravatura.
Nos três anos que durou o encilhamento, o meio circulante aumentou de 197.156 para 513.727 contos de réis. O surto inflacionário, provocado pela emissão de moeda sem lastro, prejudicou a classe média e os assalariados e causou uma grave crise social. O crédito facilitado provocou o surgimento de grande número de empresas, que não passavam de mera especulação, organizadas por hábeis manipuladores de capital, e que faliram imediatamente. A febre industrial terminou numa onda de falências. Nos governos seguintes, de Floriano Peixoto e Campos Sales, implementou-se a política de saneamento da moeda como reação antiinflacionária.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"Navegar é preciso..."


"Idealizado pela Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Petrobras, o Projeto Memória é composto por uma exposição itinerante, que percorre cerca de 800 municípios em todos os estados, e ainda um livro fotobiográfico, um vídeo documentário e um kit pedagógico, que vão para 18 mil escolas e 5 mil bibliotecas de todo o País, além deste website."


O projeto disponibiliza em seu site uma série de  biografias de várias personalidades históricas brasileiras, como por exemplo, João Cândido, Rui Barbosa, Paulo Freire, Oswaldo Cruz, Juscelino Kubitschek e muitos outros, utilizando um visual dinâmico com várias fotos, curiosidades, charges, reproduções de documentos, dentre outras fontes para professores e estudantes de História e cultura em geral. Acesse, vale um click.

Aprenda brincando: Egito

Pressione a tecla Shift e clique na imagem acima e aprenda um pouco sobre a História do Egito, uma das civilizações mais fascinantes da História. Divirta-se.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sociedades secretas: Illuminati: os soldados da Nova Ordem

A pirâmide com o olho que tudo vê
e o lema Novus Ordo Seclorum
no Grande Selo dos Estados Unidos,
 é considerado um símbolo dos Illuminati.
lluminati, (plural do latim illuminatus, "aquele que é iluminado"), é o nome dado a diversos grupos, alguns históricos outros modernos, reais ou fictícios. Mais comumente, contudo, o termo "Illuminati" tem sido empregado especificamente para referir-se aos Illuminati da Baviera, uma sociedade secreta da era do Iluminismo fundada em 1 de maio de 1776. Nos tempos modernos, também é usado para se referir a uma suposta organização conspiracional que controlaria os assuntos mundiais secretamente, normalmente como versão moderna ou como continuação dos Illuminati bávaros. O nome Illuminati é algumas vezes empregado como sinônimo de Nova Ordem Mundial, Muitos teóricos da conspiração acreditam que os Illuminati são os cérebros por trás dos acontecimentos que levarão ao estabelecimento de uma tal Nova Ordem Mundial, com os objetivos primários de unir o mundo em uma única regência que se baseia em um modelo político onde todos são iguais.

Origem: Dado que "Illuminati" significa literalmente “os iluminados” em latim, é natural que diversos grupos históricos, não relacionados entre si, se tenham autodenominados de Illuminati. Frequentemente, faziam isso alegando possuir textos gnósticos ou outras informações arcanas (secretas) não disponíveis ao grande público.
A designação "Illuminati" esteve em uso também desde o século XIV pelos Irmãos do Livre Espírito, e no século XV, o título foi assumido por outros entusiastas que argumentavam que a luz da iluminação provinha, não de uma fonte autorizada mas secreta, mas de dentro, como resultado de um estado alterado de consciência, ou “iluminismo”, ou seja, esclarecimento espiritual e psíquico.
Dessa forma, durante os períodos moderno e contemporâneo, foi designado por "Illuminati" um número de grupos (alguns dos quais têm reivindicado o título), mais ou menos marginal e secreto, e muitas vezes em conflito com autoridades religiosas ou políticas; são eles: os Irmãos do Livre Espírito, os Rosacruzes, os Alumbrados, os Illuminés, os Martinistas, o Palladium... e, principalmente os Illuminati da Baviera. Embora as doutrinas desses grupos têm sido variadas e por vezes contraditórias, a confusão entre eles tem sido muitas vezes mantida por seus adversários, e esta confusão levou às teorias de conspiração de uma sociedade secreta atuando através da história.

Adam Weinshaupt
Os Illuminati da Baviera: Um movimento de curta duração de republicanos livre-pensadores, o ramo mais radical do Iluminismo – a cujos seguidores foi atribuído o nome de Illuminati (mas que a si mesmos chamavam de “perfectibilistas” ou "perfeccionistas") – foi fundado a 1 de Maio de 1776 pelo professor de lei canónica e jesuíta Adam Weishaupt, (falecido em 1830), e pelo barão Adolph von Knigge, na cidade de Ingolstadt, Baviera, atual Alemanha.[2] . O grupo foi fundado com o nome de Antigos e Iluminados Profetas da Baviera (Ancient and Illuminated Seers of Bavaria, AISB), mas tem sido chamado de Ordem Illuminati, a Ordem dos Illuminati e os Illuminati bávaros. Na conservadora Baviera, onde o progressista e esclarecido Eleitor Maximiliano José III de Wittelsbach foi sucedido em 1777 pelo seu conservador herdeiro Carl Theodor, e que era dominada pela Igreja Católica Romana e pela aristocracia, tal tipo de organização não durou muito até ser suprimida pelo poder político. Em 1784, o governo bávaro baniu todas as sociedades secretas incluindo os Illuminati e os maçons. A estrutura dos Illuminati desmoronou logo, mas enquanto existiu, muitos intelectuais influentes e políticos progressistas se contaram entre os seus membros. Eles eram recrutados principalmente dentre os maçons e ex-maçons, juravam obediência a seus superiores e estavam divididos em três classes principais: a primeira, conhecida como Berçário, compreendia os graus ascendentes ou ofícios de Preparação, Noviciado, Minerval e Illuminatus Minor; a segunda, conhecida como a Maçonaria, consistia dos graus ascendentes de Illuminatus Major e Illuminatus dirigens, esse último algumas vezes chamado de Cavaleiro Escocês; a terceira, designada de Mistérios, estava subdividida nos graus de Mistérios Menores (Presbítero e Regente) e Mistérios Maiores (Magus e Rex). Relações com as lojas maçônicas foram estabelecidas em Munique e Freising, em 1780. A ordem tinha ramos na maior parte dos países europeus, mas o número total de membros parece nunca ter sido superior a 2.000 durante o período de dez anos. O esquema teve a sua atração para os literatos, como Goethe e Herder, e mesmo para os duques reinantes de Gota e Weimar. Rupturas internas precederam o desmoronamento da organização, que foi efetivado por um édito do governo bávaro em 1785. A ordem foi encerrada em 1788.

Dissolução: Em 22 de junho de 1784, o Eleitor da Baviera, duque Karl Theodor advertiu sobre o perigo representado pelos Illuminati para a Igreja Católica e as monarquias por causa de seus objetivos ideológicos, e aprovou um decreto contra a sociedade bavara, a Maçonaria, e em geral qualquer sociedade não autorizada por lei (que abrange as duas instituições, como se tivessem natureza comum, apesar do grande conflito que já existia naquela época entre os Illuminati e os maçons). Weishaupt foi demitido de sua cátedra indo para o exílio em Regensburg, para liderar a Ordem no exterior sob a proteção do duque de Saxe. Em 1785, o edital foi confirmado e assim começou a perseguição e detenções aos membros da sociedade.
Em seguida, o jornalista Johann Joachim Christoph Bode, se torna o líder de fato da Ordem. Em 1787, vai para a França, à Strasbourg e depois a Paris, onde se encontrou com membros da Loja de Filaleto. De acordo com o seu "Travel Journal", alguns deles, então, constituiem em segredo o núcleo dos "Philadelphes", uma sociedade semelhante aos Illuminati alemães.
Caçados, tratados como criminosos, os Illuminati da Baviera desapareceram completamente do sul da Alemanha, em 1786, apenas algumas lojas resistiram na Saxônia até 1789.
Os planos mais secretos dos Illuminati foram revelados por acaso na noite de 10 de julho de 1784, quando um mensageiro de Weishaupt, identificado como o abade Lanz, morreu inesperadamente devido a um relâmpago. Seu corpo foi levado para a Capela de San Emmeran por habitantes do local e entre os seus hábitos foram encontrados documentos importantes que se tratavam de planos secretos para a conquista mundial. A polícia da Baviera investigou os detalhes da conspiração, dando a entender a Francisco I, Sacro Imperador Romano-Germânico, o complô contra todas as monarquias, sobretudo na França, onde mais tarde, em 1789, gestaría a chamada Revolução Francesa e a queda de Luís XVI e Maria Antonieta, seus ultimos monarcas.
Os documentos foram divulgados pelo governo da Baviera, alertando a nobreza e o clero da Europa, no entanto, logo se convenceram de que a conspiração tinha sido destruída devido à dissolução formal dos Illuminati, juntamente com o banimento de Weishaupt e a detenção de muitos adeptos.

Governo global: Governo global: Segundo a turma da conspiração, a influência dos Illuminati nos EUA foi tamanha que vários de seus símbolos estão estampados na nota de US$ 1. “Eles usam sinais para transmitir informação entre si. O presidente Roosevelt, maçom de grau 33, aproveitou o desenho na nota para incluir toda essa informação como pista para novos projetos dos Illuminati”, diz Goodman. “Um deles seria a 2ª Guerra Mundial, uma espécie de ensaio geral da Nova Ordem.”
Para alguns pesquisadores, grupos herdeiros dos Illuminati hoje manejam as finanças, a imprensa e a política internacionais. Entre essas organizações estariam sociedades secretas como a “Crânio e Ossos” (Skull and Bones), uma fraternidade dos estudantes da Universidade Yale, e o clube Bilderberg, que reúne políticos, empresários, banqueiros e barões da comunicação . “Acredita-se que eles querem um único governo global”, diz a pesquisadora espanhola Cristina Martin, autora do livro El Club Bilderberg (sem tradução para o português). “Um mundo com uma só moeda, um só exército e uma só religião.”

Supostos símbolos dos Illuminati escondidos na nota de US$ 1
Especialistas dizem que os Illuminati deixaram várias pistas de sua influência sobre a sociedade americana na nota de US$ 1. No verso, há uma pirâmide cujo cume representa a elite da humanidade, esclarecida pelo “olho que tudo vê” – um símbolo emprestado de outra sociedade secreta, a maçonaria. A base da pirâmide é cega e feita de tijolos idênticos, que representam a população. A inscrição em latim Novus Ordo Seclorum (“Nova Ordem dos Séculos”) alude ao grande projeto dos Illuminati. O número 13, utilizado nos rituais do grupo, aparece em vários lugares: nas estrelas sobre a águia, nas flechas que ela segura com uma das patas, nos frutos e folhas do ramo que ela segura com a outra, nas listras verticais do escudo à frente da águia e nos 13 andares da pirâmide. “Precisamos de lupa para ver outro detalhe na frente da nota: uma minúscula coruja, símbolo da fraternidade, que aparece no canto superior direito”, diz o jornalista espanhol Santiago Camacho, autor de La Conspiracion de los Illuminati (“A Conspiração dos Illuminati”, inédito no Brasil).

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Personalidades históricas: Karl Marx

Karl Marx

O pensamento de Karl Marx mudou radicalmente a história política da humanidade. Inspirada em suas idéias, metade da população do mundo empreendeu a revolução socialista, na intenção de coletivizar as riquezas e distribuir justiça social.
Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, na Renânia, então província da Prússia, em 5 de maio de 1818. Primeiro dos meninos entre os nove filhos de uma família judaico-alemã, foi batizado numa igreja protestante, de que o pai, advogado bem-sucedido, se tornara membro, provavelmente para garantir respeitabilidade social. Depois de estudar em sua cidade natal, em 1835 Marx ingressou na Universidade de Bonn, onde participou da luta política estudantil.
Na Universidade de Berlim, para a qual se transferiu em 1836, começou a estudar a filosofia de Hegel e juntou-se ao grupo dos jovens hegelianos. Tornou-se membro de uma sociedade formada em torno do professor de teologia Bruno Bauer, que considerava os Evangelhos narrativas fantásticas suscitadas por necessidades psicológicas.
Com uma posição política que se identificava cada vez mais com a esquerda republicana, Marx em 1841 apresentou sua tese de doutorado, em que analisava, na perspectiva hegeliana, as diferenças entre os sistemas filosóficos de Demócrito e de Epicuro. Nesse mesmo ano concebeu a idéia de um sistema que combinasse o materialismo de Ludwig Feuerbach com o idealismo de Hegel. Passou a colaborar no jornal Rheinische Zeitung, de Colônia, cuja direção assumiu em 1842. No ano seguinte, Marx casou-se com Jenny von Westphalen e, logo após, sua publicação foi fechada.
O casal mudou-se para Paris, onde Marx entrou em contato com os socialistas. Em 1845, expulso da França pelo governo, estabeleceu-se em Bruxelas e iniciou a duradoura amizade e colaboração com Friedrich Engels. Die heilige Familie (1845; A sagrada família) e Die deutsche Ideologie (1845-1846, publicada em 1926; A ideologia alemã) foram as primeiras obras que escreveram a quatro mãos. Nessa época, Marx trabalhou em diversos tratados filosóficos contra as idéias de Bruno Bauer e do socialista utópico Pierre-Joseph Proudhon, e em 1848 redigiu, com Engels, o Manifest der Kommunistischen Partei (Manifesto comunista), resumo do materialismo histórico, em que aparecia pela primeira vez o famoso apelo à revolução com as palavras "Proletários de todos os países, uni-vos!"
Depois de participar do movimento revolucionário de 1848 na Alemanha, Marx regressou definitivamente a Londres, onde durante o resto da vida contou com a generosa ajuda econômica de Engels para manter a família. Em 1852 escreveu Der 18 Brumaire des Louis Bonaparte (O 18 Brumário de Luís Bonaparte), em que analisa o golpe de estado de Napoleão III do ponto de vista do materialismo histórico. Sete anos depois, publicou Zur Kritik der politischen Ökonomie (Contribuição à crítica da economia política), seu primeiro tratado de teoria econômica, e em 1867 o primeiro volume de Das Kapital (O capital), monumental análise do sistema socioeconômico capitalista, sua obra mais importante.
Marx voltou à atividade política em 1864, quando participou da fundação da Associação Internacional de Trabalhadores. Como líder e principal inspirador dessa Primeira Internacional, sua presença se reafirmou em 1871, por ocasião da segunda Comuna de Paris, movimento revolucionário de que a associação participou ativamente e em que pereceram mais de vinte mil revoltosos. As divergências do anarquista  Mikhail Bakunin, a partir de 1872, provocaram a derrocada da Internacional. Marx ainda participou em 1875 da fundação do Partido Social Democrata Alemão e em seguida retirou-se da atividade política para concluir Das Kapital. Apesar de ter reunido imensa documentação para continuar o livro, os volumes segundo e terceiro só foram editados por Engels, em 1885 e 1894. Outros textos foram publicados por Karl Kautsky, como quarto volume, entre 1904 e 1910. Karl Marx morreu em 14 de março de 1883, em Londres.

sábado, 21 de agosto de 2010

O Holocausto - As atrocidades da Segunda Guerra Mundial

Personalidades históricas: Galileu Galilei

Galileu Galilei
Galileu inaugurou uma nova fase na história da ciência, ao defender o racionalismo matemático como base do pensamento científico -- "o universo é um texto escrito em caracteres matemáticos", afirmou -- e ao criar a idéia moderna da experimentação científica, combinando a indução experimental e o cálculo dedutivo.
Galileo Galilei nasceu em Pisa, Itália, em 15 de fevereiro de 1564, de família nobre, filho de Vincenzo Galilei, matemático competente e músico famoso. Em criança, o futuro físico e astrônomo impressionou os professores do mosteiro de Vallombrosa pela capacidade intelectual, habilidade manual e criatividade, sobretudo para invenções mecânicas. Sempre avesso ao ensino tradicional, interrompeu o curso de medicina na Universidade de Pisa para dedicar-se ao estudo da matemática e das ciências. Nessa época, ao observar o movimento oscilatório de um dos lustres da catedral de Pisa, enquanto contava as próprias pulsações, constatou que o movimento do pêndulo era periódico e que as pequenas oscilações eram isócronas, isto é, ocorriam a intervalos regulares. Constatou também que o período de um pêndulo independe da natureza e da massa da substância, ponto de partida para algumas de suas mais importantes pesquisas.
De volta à universidade, doutorou-se em 1585. Passou então a ensinar na Academia Florentina e logo ficou conhecido nos círculos científicos devido a um de seus inventos, a balança hidrostática. Depois de publicar, em 1589, um estudo sobre a gravidade, foi convidado a ensinar na Universidade de Pisa, onde realizou experiências de máxima importância sobre o movimento físico, em especial os movimentos que se registram na superfície terrestre. Numa dessas experiências, que se tornaria famosa, comprovou que objetos de diferentes massas em queda livre, desde o mesmo ponto e ao mesmo tempo, chegam juntos ao solo, ou seja, caem com a mesma aceleração. Com isso, além de surpreender os cientistas da época, presos aos preconceitos da física aristotélica, abalou os alicerces de toda uma falsa concepção dos fenômenos naturais e lançou a noção de gravidade, posteriormente desenvolvida por Newton.
Logo que surgiram as lentes ópticas, criadas por pesquisadores holandeses, Galileu aperfeiçoou o invento e criou um telescópio capaz de aumentar a imagem 32 vezes. Fez com ele importantes descobertas astronômicas, reunidas no livro Sidereus nuncius (1610; O mensageiro celeste), entre as quais se destacam as manchas solares, as montanhas da Lua, os satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e as fases de Vênus. Muito bem recebido em Roma ao exibir seu telescópio, em 1611, Galileu publicou dois anos mais tarde Istoria i dimostrazioni intorno alle macchie solari (História e demonstração em torno das manchas solares), em que defendeu as idéias heliocêntricas de Copérnico.
Galileu acreditou, desde a mocidade, na tese do heliocentrismo. Suas importantes pesquisas e brilhante argumentação chamaram a atenção das autoridades para as divergências entre sua concepção do universo e a posição da Igreja Católica, que preconizava o geocentrismo. Suas obras se tornavam ainda mais perigosas porque, ao contrário dos outros sábios, não escrevia em latim, mas na própria língua falada pelo povo, o que o tornou muito popular. Ainda em 1613, reafirmou a validade do sistema heliocêntrico e declarou que as Escrituras são alegóricas e, assim, não podiam servir de base para conclusões científicas. A polêmica provocada pelo tema levou a Igreja Católica a proibir o livro de Copérnico e a condenar Galileu, submetido a julgamento pelo tribunal da Inquisição.
Impedido de prosseguir os estudos sobre o sistema de Copérnico, Galileu recolheu-se a seu castelo, na localidade de Arcetri, nos arredores de Florença, onde se dedicou a estabelecer e comprovar novos métodos de pesquisa científica baseados na experimentação. Solicitou ao papa Urbano VIII, seu protetor, permissão para escrever uma obra em que os dois sistemas seriam comparados. Em 1632, publicou o que se tornaria seu principal trabalho, Diálogo sopra i due massimi sistemi del mondo, tolemaico e copernicano (Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo, ptolomaico e copernicano), com sólida argumentação contra as razões que então se alegavam para refutar a possibilidade do movimento terrestre. A obra provocou acirrada polêmica e as idéias de Galileu foram consideradas por muitos mais perigosas que as de Lutero e Calvino. De novo julgado pela Inquisição, concordou em abjurar para evitar condenação maior. Conta-se, porém, que ao fim da declaração em que renunciava a suas opiniões científicas e declarava sua adesão à ortodoxia, murmurou, referindo-se à Terra: "Eppur, si muove" ("Apesar de tudo, se move"). Dedicou-se a partir de então à publicação de suas pesquisas sobre o movimento, reunidas na obra Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze (1638; Discursos e demonstrações matemáticas sobre duas novas ciências).
Galileu não mais abandonou o castelo de Arcetri e lá prosseguiu os trabalhos que o tornariam o pesquisador mais produtivo de seu tempo. Criador da ciência do movimento, estabeleceu os fundamentos da dinâmica e lançou as bases de uma nova metodologia científica. O físico, astrônomo e inventor merece ser também lembrado como escritor: inovou ao expor suas teorias em língua vulgar e o fez em estilo ágil e irônico. Deu aulas sobre o "Inferno" de Dante, foi leitor apaixonado de Ariosto e escreveu Considerazioni sulla Gerusalemme liberata (1586-1588; Considerações sobre Jerusalém libertada), crítica da obra de Tasso. A cegueira pôs fim às pesquisas de Galileu, cinco anos antes de sua morte, ocorrida em 8 de janeiro de 1642, em Arcetri, perto de Florença

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Uma viagem pela história da cédula eleitoral

Branca Nunes
A aparente solenidade nas votações realizadas durante a da República Velha encobria a rotina de fraudes, atestada por resultados de votações só alcançados muitas décadas depois por ditadores africanos ou por um Saddam Hussein. Em 1902, por exemplo, Rodrigues Alves venceu Quintino Bocaiúva – um dos principais ativistas do movimento republicano – com 93% dos votos. Afonso Pena, em 1906, conquistou 98% dos eleitores. A proeza foi repetida em 1914 por Venceslau Brás (91%), em 1918 novamente por Rodrigues Alves (99%) e em 1926 por Washington Luís (99%).

A busca por eleições limpas, que conseguissem refletir a vontade da população, foi o que norteou – nem sempre com sucesso – as mudanças no processo eleitoral brasileiro. O gráfico abaixo mostra as principais escalas da viagem da cédula entre a infância da República e a maturidade democrática. Além de cientistas políticos, VEJA.com buscou também a opinião de personagens históricos. As principais informações foram fornecidas por Jairo Nicolau, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), autor do livro "História do Voto no Brasil" e criador do blog http://eleicoesemdados.blogspot.com

Para navegar pela página, clique sobre as ilustrações.
 
infográfico, cédulas
 

  Fonte: Revista Veja

Hitler era ridicularizado por outros soldados na 1ª Guerra, diz historiador

Pesquisa de Universidade de Aberdeen aponta que Adolf Hitler tinha papel secundário no campo de batalha e refuta imagem de suposto herói alemão no confronto

Novos estudos sobre a participação de Adolf Hitler na Primeira Guerra Mundial mostram que o então soldado tinha importância secundária no campo de batalha e era ridicularizado por companheiros de batalhão.
Segundo pesquisa de Thomas Weber, doutor em História Europeia e professor da Universidade de Aberdeen, na Escócia, "o mito de Hitler como um corajoso soldado e a camaradagem das trincheiras na 1ª Guerra foi usado pelo partido nazista para aumentar seu apelo popular". O professor afirma, no entanto, que Hitler atuou longe dos campos de batalha e era visto por seus pares como um solitário".

Segundo reportagem do Daily Mail, a pesquisa de Thomas Weber se concentrou em cartas não publicadas de outros soldados do regimento de Hitler durante a Primeira Guerra Mundial. Essas cartas colocam em dúvida a versão da história que sugere que o nacionalismo e antissemitismo de Hitler foram causados por sua experiência na guerra. As cartas analisadas por Weber também confrontam a informação de que Hitler foi um herói militar durante a 1ª Guerra.  
  Reprodução / ASCRS.org
Seta mostra Hitler com outros soldados do Regimento List durante a 1ª Guerra Mundial
 
 Para o pesquisador, as cartas e diários de guerra apontam que os outros soldados do Regimento List ridicularizavam Hitler e faziam piadas com sua incapacidade de abrir uma lata de comida com sua baioneta. Os soldados se referiam a Hitler como "o pintor" ou "o artista" e as cartas apontam que ele não gostava do entretenimento favorito dos soldados: escrever cartas ou beber cerveja. Ainda segundo relatos analisados por Thomas Weber, Hitler era visto por seus pares como um soldado submisso aos superiores. 

Weber descobriu que os registros da participação de Hitler na 1ª Guerra haviam ficado intacto até agora porque foram arquivados sob um regimento diferente e estavam aruivados no Arquivo de Guerra da Baviera. Sua pequisa será publicada na íntegra no livro "A Primeira Guerra de Hitler", editado pela Oxford University Press.

 Fonte: Revista Galileu

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Holocausto: atrocidades nazistas

O massacre dos judeus na Segunda Guerra começou em 1939 e terminou em 1945, quando os Aliados chegaram aos campos. A lista de barbáries cometidas é infinita
por Cíntia Cristina da Silva
No dia 7 de dezembro de 1941, os cidadãos judeus de Chelmno, na Polônia, começaram a desaparecer. Aos poucos, foram deportados para um dos primeiros campos de extermínio nazistas, com o nome da mesma cidade. Os soldados alemães empurraram cerca de 80 condenados em um caminhão para o transporte até o campo. Durante o trajeto, muitas pessoas morreram asfixiadas com o monóxido de carbono dos veículos. Esses caminhões, com o interior da caçamba envenenado, podem ter sido a sombria inspiração para as câmaras de gás dos campos em que milhões de prisioneiros judeus acabariam assassinados. Diariamente, sacrificavam-se 2 mil pessoas. Os que chegavam vivos à prisão logo iriam começar a morrer lentamente em virtude da escassez de comida, dos maus-tratos sofridos e da crueldade dos guardas. Em 18 de janeiro de 1945, dois dias antes da chegada das tropas soviéticas, os alemães tentaram exterminar todos os prisioneiros – porém dois sobreviveram. Um deles é o polonês Simon Srebnik. Ele tinha 13 anos quando foi preso em Chelmno. Antes que os alemães fugissem dos soviéticos, levou um tiro na cabeça e milagrosamente não morreu. Rastejou até um chiqueiro, onde, dois dias depois, foi encontrado e tratado por um médico. Sobre Mordechal Podchlelnick, o segundo, sabe-se que escapou com vida do horror nazista, mas não apareceu para contar a história. Em 1941, a cidade de Chelmno tinha 400 mil judeus. No fim da guerra, esse número havia sido reduzido a apenas esse dois homens.
O extermínio em massa de judeus perpetrado ao longo de toda a guerra começou em Chelmno. Os campos de concentração criados pelo regime de Hitler eram administrados pela Schutzstaffel, a temida guarda SS – fundada em 1925 e comandada por Heinrich Himmler de 1929 a 1945. A ordem de confinar os opositores ao governo de Adolf Hitler surgiu em 1933. Apenas alguns meses após ele alcançar o poder, foi montado o campo de trabalhos forçados de Dachau, sob a jurisdição da SS. Para Dachau, eram levados homossexuais, ciganos e judeus, considerados “inimigos do Reich”.

Adolf Hitler delineou a inacreditável teoria da superioridade da raça ariana em 1925, em Mein Kampf – Minha Luta. No livro, ele eleva os povos germânicos à categoria de etnia maior em detrimento da “comprovada” inferioridade de negros e judeus. Em 1935, com o ditador já no poder, foram proclamadas as leis de Nuremberg, que proibiam, entre outras coisas, o casamento entre judeus e cidadãos de sangue alemão. Na Alemanha, no mesmo ano, os judeus eram obrigados a usar a estrela-de-davi em braçadeiras para ser facilmente identificados. Na Polônia, invadida pelos exércitos nazistas em setembro de 1939, a mesma lei passou a vigorar. Logo, a população judaica seria proibida de freqüentar ruas e praças e de obedecer a um toque de recolher.
Enquanto os nazistas aceleravam a construção de campos de concentração, os judeus começaram a ser confinados em guetos. Isso aconteceu em novembro de 1939, dois meses após a invasão da Polônia. Criou-se o primeiro gueto da Europa na polonesa Lodz: quarteirões separados por muros altos e arame farpado e vigiados por guardas truculentos. Os soldados podiam atirar em qualquer pessoa que transitasse na frente deles. Para Lodz, foram levados os cidadãos judeus, despojados de todas as posses e direitos. No gueto, a fome, o frio, a brutalidade e as doenças deram início à mortandade. Os mais fortes eram usados nas fábricas de uniformes militares, máquinas e prataria. Passaram pelo gueto de Lodz cerca de 500 mil pessoas, num espaço apertado de poucos quarteirões e prédios lotados para tanta gente. Quando foi fechado, em 1944, os 80 mil habitantes que sobreviveram a assassinatos e doenças foram sendo transferidos para Auschwitz.
Em novembro de 1940, outro gueto, o de Varsóvia, na Polônia, foi o espaço onde foram amontoadas mais de 500 mil pessoas. Em condições precárias, começaram a sucumbir de fome e tifo. Morriam por mês mais de 5 mil judeus. Os corpos jaziam nas ruas, onde eram recolhidos e transportados em carrinhos de mão.
A decisão de implantar uma política de erradicação total de judeus surgiu em 20 de janeiro de 1942 durante uma conferência em Wannsee, na Alemanha. Nela, os oficiais nazistas decidiram levar adiante o criminoso projeto de aniquilação dos judeus europeus, em um plano que ficou conhecido como Solução Final para a Questão Judaica. A reunião foi organizada por Reinhard Heydrich, um dos delegados de Heinrich Himmler, e dela participaram os principais oficiais do 3º Reich, incluindo Adolf Eichmann. Hitler não esteve presente na conferência, mas aprovou as propostas: os judeus seriam usados na construção de estradas de ferro e os sobreviventes ao trabalho receberiam “tratamento especial”.
Em 1942, o campo de extermínio de Treblinka foi aberto. Os ex-moradores do gueto de Varsóvia começaram a ser transportados para ele, a 80 km da capital polonesa. O destino da maioria eram três câmaras de gás. O gueto foi esvaziado durante um ano. Duas ou três vezes por semana trens carregados de pessoas se dirigiam a Treblinka.
Assim que chegavam ao destino, as pessoas eram despidas e esperavam nuas, no inverno ou no verão, para entrar na câmara de gás. Acreditavam que iam tomar banho e percorriam um longo corredor conhecido como “ascensão”, “a última estrada”, “estrada para o céu”. Mas, antes de entrar no “banheiro”, elas eram encaminhadas a uma sala, onde cerca de 16 barbeiros judeus – prisioneiros do campo havia mais tempo – ficavam responsáveis por cortar os cabelos das mulheres. A estratégia tinha duas funções: evitar o pânico e tentar convencer as vítimas de que elas sairiam dali com vida – além de utilizar o cabelo como mercadoria (era enviado para a Alemanha, onde servia de enchimento de colchões). Do local onde permaneciam, nuas e carecas, podiam ouvir pais, maridos, filhos sendo assassinados nas outras câmaras de gás. Os poupados trabalhavam para manter a linha de produção macabra.
As câmaras assassinas trabalhavam dia e noite. Elas eram sustentadas pelo motor de um tanque, de onde vinha o monóxido de carbono. Quando se abriam as portas, uma multidão de corpos era levada e jogada em fornos crematórios. Os prisioneiros tinham a tarefa de alimentar o fogo com o que havia sobrado de seus companheiros. Como os 15 fornos não davam conta do número de cadáveres, logo foi preciso enterrá-los em gigantescos sepulcros coletivos. O cheiro dos cadáveres empilhados em covas podia ser sentido a quilômetros de distância.
Nos barracões que serviam de alojamento a situação era deplorável. Em um ambiente úmido, frio, sujo e escuro, as pessoas ficavam esmagadas umas nas outras, em triliches ou no chão.
Além das câmaras de gás, Treblinka tinha outro método de assassinato: a “enfermaria”. Para lá mandavam-se os muitos velhos e as crianças. Despidos, sentavam em bancos enquanto aguardavam o “médico”. Os nazistas costumavam dizer que o “doutor curaria todos com uma única pílula”. Esse eufemismo doentio significava um tiro na nuca. As vítimas eram depois jogadas num poço profundo e incineradas.
Em 1942, os próprios prisioneiros judeus foram obrigados a construir novas câmaras de gás. Nesse mesmo ano, outros seis campos de morte foram montados na Polônia: além de Chelmno e Treblinka, havia os de Belzec, Sobibor, Maidanek e Auschwitz.
No sul da Polônia, Auschwitz era o mais cruel campo de extermínio da Europa. Para lá eram levados judeus de todas as partes do velho continente – França, Holanda, Romênia, Hungria, Itália, Grécia, União Soviética, Iugoslávia. Os primeiros a ser mortos foram os cidadãos de Auschwitz, cuja população era formada por 80% de judeus. Estima-se que nele quase 2 milhões de pessoas tenham perecido, vítimas das câmaras de gás, dos fuzilamentos, do trabalho forçado, da fome, de doenças.
Das crianças, apenas os gêmeos eram poupados e encaminhados para o sinistro laboratório do médico Josef Mengele, que os utilizava em experiências médicas. Ele aplicava vírus e bactérias nelas e as usava para testar técnicas de esterilização. Também costumava mergulhar prisioneiros em água congelada para ver quanto tempo duravam; arrancavam dentes, contaminavam com pus e os colocavam de volta. Esse último “procedimento” era a especialidade de Hans Münch, diretor do “Instituto de Higiene” de Auschwitz. Em entrevista à revista alemã Der Spiegel, Münch disse que jamais se sentiu desconfortável com os experimentos. Sobre Mengele, declarou, cínico: “Foi a companhia mais agradável que tive.”
Em Auschwitz, os nazistas liquidavam 2 mil pessoas em pouco mais de 15 minutos. Trancavam-se os condenados em câmaras escuras, enquanto o gás começava a penetrar no ambiente vindo do chão. O veneno usado já não era o monóxido de carbono, mas o Zyklon B, um pesticida. As câmaras de Auschwitz também tinham pequenos orifícios pelos quais os guardas, por sadismo, observavam o desespero dos que sufocavam até a morte.
Além de construir barracas, queimar corpos e manter Auschwitz em funcionamento, os judeus também eram explorados como mão-de-obra escrava por várias empresas alemãs, como Siemmens, Krupp e a fábrica de munição I. G. Farben. Os que tinham a sorte de manter a saúde em meio às condições de escravos conseguiam a seleção para o trabalho. Os que não trabalhavam em fábricas cumpriam obrigações horrendas. Enchiam os crematórios com os mortos e muitas vezes tinham de enterrar conhecidos e familiares.
O trabalho e as posses dos judeus ajudavam a financiar e manter a máquina de guerra nazista. Privavam-se os prisioneiros de seus pertences assim que chegavam ao campo. Tudo se aproveitava: óculos, roupas, cabelos, sapatos, malas, dentes de ouro. O que lhes era destinado resumia-se a um pijama listrado e uma sopa rala de batata ou nabo – às vezes, segundo os sobreviventes, havia areia dentro da sopa.
Em janeiro de 1945, os soviéticos chegaram a Auschwitz e se chocaram profundamente com o que viram. Encontraram milhares de pessoas reduzidas a pele e osso, corpos incendiados, cadáveres espalhados por todo o campo. A maioria dos prisioneiros estava tão doente e abatida que mal tinha forças para celebrar o fim de tamanho martírio. Os soldados dispuseram suas rações para alimentar imediatamente as tantas vítimas. A desnutrição era tão séria que, desacostumados a se alimentar, muitos morreram ao voltar a comer. Meyer Levin, escritor americano e correspondente de guerra, estava entre os soldados que presenciaram o inconcebível nos campos. “Jamais tínhamos visto um campo de concentração nazista. Foi como se penetrássemos no âmago de um coração totalmente depravado”, afirmou Levin.
Ninguém nunca havia testemunhado nada parecido. Quando Sidney Bernstein, que dirigia a seção de filmes do Ministério da Informação britânico, pensou em fazer um documentário sobre o genocídio praticado nos campos, ele convidou Alfred Hitchcock para ajudá-lo. Bernstein queria realizar um filme em que não houvesse dúvida de que o que se veria na tela fosse a mais pura realidade. O resultado é o chocante Um Testemunho para o Mundo (1985), em que cadáveres descarnados são arrastados para ser sepultados em covas coletivas. Indignados diante de tamanha barbárie, os Aliados ordenaram que os alemães tratassem de sepultar suas vítimas. Também se vê uma longa seqüência sem cortes (idéia de Hitchcock) mostrando montes de óculos, de sapatos, de roupas pertencentes a milhares de pessoas que já não existiam mais.
Na Segunda Guerra Mundial, existiram mais de 5 mil campos de concentração espalhados pela Europa. Juntos, eles foram responsáveis pela morte de 6 milhões de pessoas. Estima-se que em maio de 1945 existiam de 2,7 a 3,6 milhões de sobreviventes do Holocausto. A história da barbárie choca cada vez mais – e continua inexplicável.

Saindo da rotina...


Certa vez, um homem  navegando com seu  balão por um  lugar desconhecido, estava completamente  perdido e, para sua surpresa, encontrou uma pessoa...  Ao reduzir um  pouco a altitude do balão, em uma distância de 10m  aproximadamente, ele gritou para a pessoa: 

  - Hei, você aí , sabe me dizer onde eu estou?  E então a jovem  respondeu:
 - Você está num balão a  10 m de altura!
 Então o homem fez outra pergunta: 
- Você é professora, não é? 
  A moça respondeu: 
- Sim...puxa! Como o senhor adivinhou? 
 E o homem: 
- É simples, Você me deu uma resposta tecnicamente  correta, mas que não me serve para nada...
 Então a professora  pergunta:
 - O senhor é secretário da educação, não é?
 E o homem: 
- Sou...Como você  adivinhou??? 
  E a Professora: 
- Simples: o senhor está completamente perdido, não sabe fazer nada e  ainda quer colocar a culpa no  professor.

Governos não-autoritários também censuravam o teatro brasileiro


Uma análise dos documentos do Departamento de Diversões Públicas de São Paulo, revelou que não foram só os governos autoritários que censuraram o teatro. O arquivo está em poder da USP e foi divulgado agora.

Renato BiazziSão Paulo, SP
Nem o teatro de revista escapou. No governo de Getúlio Vargas, a vedete Dercy Gonçalves foi considerada um atentado aos bons costumes e "Paris 1900" foi impedida de estrear. Para o censor, a peça não suportava supreções ou cortes, merecia impugnação total.
Seis mil documentos estão na Universidade de São Paulo. A coordenadora da pesquisa em comunicação e censura, Cristina Costa, diz que foi surpreendente descobrir que em governos não autoritários, também houve censura.
"Durante o governo JK também se censurou muito o teatro. Os artistas queriam falar de Brasil, criticar o Brasil. Então o teatro é justamente perseguido porque é o palco em que essa discussão se processava".
Em 1957, quando Jânio Quadros era governador de São Paulo, o que movia os censores era o moralismo. Nelson Rodrigues foi vítima das senhoras católicas que mandavam cartas pedindo a proibição de peças dele, como por exemplo, "Perdoa-me por me Traíres".
Após o golpe de 64, a questão passou a ser política. "Na ditadura militar, escolheu-se o teatro como exemplo da repressão à cultura chamada subversiva".
Entre os mais censurados estavam: Plínio Marcos, Gianfranceso Guarnieri e Dias Gomes. Anos mais tarde, o texto proibido foi a base de Roque Santeiro, uma das novelas de maior sucesso da televisão brasileira.
Os últimos documentos analisados pelos pesquisadores da USP são de 1970. Daí para frente a censura deixou de ser feita pelos estados, foi centralizada em Brasília. A vida nos palcos, que já era difícil, ficou perigosa.
Com o aumento da repressão, artistas foram presos e exilados e as principais salas do chamado teatro engajado, como o Oficina, foram fechadas.
O diretor do Oficina, Zé Celso Martinez Correa, só voltou para o Brasil no final dos anos 70. Ele acredita que apesar do retrocesso, o teatro brasileiro se reencontrou.
"Ele foi cortado, ele foi para o subterrâneo, mas ele continuou existindo e emergiu. Nós no Oficina, conseguimos 'reexistir".
"Havia uma evolução no mundo inteiro do teatro. Não só no Brasil, no mundo inteiro, e isso foi cortado", afirma Zé Celso.

sábado, 14 de agosto de 2010

Personalidades históricas: Thomas Hobbes

Thomas Hobbes
A filosofia de Hobbes, especialmente sua teoria a respeito da origem contratual do estado, exerceu profunda influência no pensamento de Rousseau, Kant e dos enciclopedistas. Contribuiu assim para preparar, no plano ideológico, o advento da revolução francesa.
Thomas Hobbes nasceu em Westport, Inglaterra, em 5 de abril de 1588. Graduou-se em Oxford em 1608 e tornou-se preceptor do filho de Lord Cavendish, com quem viajou para a França e para a Itália. No continente europeu, onde esteve outras vezes, tomou contato com as descobertas de Johann Kepler e Galileu sobre os movimentos planetários e com importantes pensadores, o que estimulou seu interesse pela ciência e pela filosofia.
De volta à Inglaterra em 1637, Hobbes trocou a especulação abstrata pela filosofia política. Em The Elements of Law, Natural and Politic (Elementos da lei natural e política), obra que começou a circular em manuscrito em 1640, defendia a idéia segundo a qual os homens só podem viver em paz se concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado.
Em 1640, fugindo do governo de Oliver Cromwell, Hobbes foi viver em Paris, onde escreveu contestações às Meditationes, de Descartes, e publicou a primeira versão de De Cive, em que tratou a questão das relações entre igreja e estado. Para Hobbes, a igreja cristã e o estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto. Em 1651 saiu a principal obra de Hobbes, Leviathan; or Matter, Form and Power of a Commonwealth, Ecclesiastical and Civil (Leviathan, ou a matéria, a forma e o poder de um estado eclesiástico e civil), em que expõe sua filosofia política. Segundo o filósofo, a primeira lei natural do homem é a da autopreservação, que o induz a impor-se sobre os demais; por isso, a vida seria uma "guerra de todos contra todos" (bellum omnium contra omnes), na qual "o homem é o lobo do homem" (homo homini lupus). Para construir uma sociedade, o homem tem que renunciar a parte de seus direitos e estabelecer um "contrato social", garantido pela soberania. Esta, para ser efetiva, tem que recair sobre uma só pessoa, donde a conveniência da monarquia absoluta. Contudo, é importante notar que, ao contrário dos autores que o precederam, para Hobbes a fonte do poder monárquico não residia no direito divino, mas na manutenção do contrato social.
Em 1655 Hobbes publicou De corpore (Do corpo) e, em 1658, De homine (Do homem), que ampliavam suas teorias físicas e psicológicas. Depois da restauração de 1660, foi reabilitado pelo rei, mas, por causa das acusações de ateísmo lançadas contra ele por autoridades eclesiásticas, preferiu não interferir na vida pública. Aos 87 anos traduziu a Odisséia e, um ano mais tarde, publicou uma tradução da Ilíada. Morreu em Hardwick Hall, Inglaterra, em 4 de dezembro de 1679.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Termos históricos: Colonização


A expansão colonial iniciada pelos países europeus no século XV constitui um dos capítulos mais importantes da história moderna. Se, por um lado, seus defensores vêem nela uma incontestável ação civilizadora, é certo que, por outro, ela acarretou a desaparição de importantes culturas e a sujeição de numerosos povos às necessidades e interesses coloniais.
Chama-se colonização o processo de ocupação de uma região do globo - em geral habitada por povos não integrados à civilização cristã e ocidental - por populações provenientes de países mais poderosos, com objetivos políticos e econômicos.
O vocábulo colonização engloba também o conceito de migração. O afluxo de gente para uma região pode dar-se de maneira espontânea, sem que por ele se interessem os governos ou organizações especializadas de capital privado (companhias de colonização). Nesse caso, é preferível referir-se ao fenômeno sob a designação de povoamento. Quando o governo de um país não interfere na administração de colônias de imigrantes, mas baixa leis que regulam a entrada desses trabalhadores e a distribuição de terras e faz cumprir essa legislação, já não é correto falar em povoamento espontâneo: trata-se de imigração livre e colonização livre.
Embora o governo, em tais casos, faça substanciais investimentos para o controle sanitário e policial dos imigrantes e efetue despesas com a demarcação de terras, diz-se que a colonização é gratuita. O melhor exemplo de imigração e colonização gratuitas se encontra nos Estados Unidos. A política oposta é a da imigração e colonização dirigidas e, por conseguinte, subvencionadas. Quando isso ocorre, o governo do país interessado financia a propaganda no país de emigração, a seleção dos emigrantes, a viagem das famílias dos futuros colonos e sua hospedagem nos portos de chegada. Os melhores exemplos de colonização dirigida se encontram no Brasil e na Austrália.
Causas de deslocamentos populacionais. Os deslocamentos demográficos apresentam, em geral, causas sociais: são, quase sempre, resultado de guerras ou crises econômicas. As regiões que recebem imigrantes têm, por sua vez, um poder maior ou menor de atração, seja pela abertura de frentes pioneiras (Estados Unidos, Canadá, São Paulo), seja por um surto industrial (Alemanha), seja, enfim por uma política desenvolvida pelo governo para ocupar efetivamente uma região (caso do planalto central do Brasil).
São, mais especificamente, causas de deslocamentos populacionais: (1) alta densidade demográfica, que acaba por exigir a ampliação do espaço ocupado e ocasiona a expansão territorial; (2) necessidade de obter produtos alimentares e matérias-primas para a indústria; (3) necessidade de criar mercados para os produtos da indústria e áreas onde seja possível investir, com o máximo de garantia, os capitais acumulados pelo desenvolvimento econômico-financeiro; (4) possibilidade de instalação de bases militares navais ou aéreas, decorrente da posse do território colonizado.

Classificação morfológica. No início do século XX, o geógrafo alemão Alexander Supan elaborou uma tipologia das colônias, segundo seus traços morfológicos. Dividiu as colônias européias, disseminadas pelo mundo a partir do século XVI, em três classes: (1) as Punktkolonien (colônias em ponto); (2) as Linienkolonien (colônias lineares); (3) as Raumkolonien (colônias espaciais).
As colônias em ponto foram criadas pelos portugueses com o nome genérico de feitorias e, mais tarde, adotadas pelos ingleses sob a denominação de trade-posts. As feitorias consistiam numa praça forte, cercada de uma paliçada de madeira, junto a um ancoradouro. No centro da praça colocavam-se as mercadorias a trocar, como ferramentas, tecidos e bebidas. Os nativos das redondezas eram convocados para trazer seus produtos: ouro, pimenta, cravo, canela, noz-moscada, gengibre, tapetes, sedas, chá, marfim, peles, madeiras de lei e de tinturaria, penas etc. Praticava-se o escambo, ou seja, a troca direta, sem interferência de dinheiro.
As colônias lineares correspondem às plantations, isto é, vastas propriedades monocultoras e agro-industriais, cuja produção se destinava aos grandes mercados. Supan chamou-as lineares porque elas se estendiam em faixas estreitas, paralelas às costas marítimas, visto que sua produção era quase totalmente embarcada para o mercado europeu. Mais uma vez foram os portugueses os criadores dessa forma de economia. Os engenhos de açúcar, implantados no fim do século XV, na ilha de São Tomé, com mão-de-obra de judeus condenados pela Inquisição, disseminaram-se também pela costa leste do Nordeste brasileiro, com escravos negros oriundos da África.
A terceira categoria é a das colônias espaciais, assim chamadas porque ocuparam de maneira contínua uma vasta área. Exemplo disso é o que ocorreu nas planícies centrais dos Estados Unidos, onde europeus  instalaram pequenas propriedades familiares.
Classificação econômica. Sem se preocupar com questões relativas à forma de povoamento, o economista francês Leroy-Beaulieu estabeleceu, no século XIX, três classes fundamentais de colônias: (1) colônias de povoamento; (2) colônias de plantations ou de exploração; (3) colônias de comptoirs ("balcões").
As colônias de povoamento ou colônias agrícolas ordinárias eram terras de ultramar escassamente povoadas de nativos, de condições ecológicas semelhantes às da Europa, para onde se transferiram colonos europeus, que constituíram uma nova sociedade, semelhante à do país de origem, como ocorreu nos Estados Unidos e no Canadá.
As colônias de plantations ou de exploração eram especialmente dotadas pelas condições naturais para fornecer aos grandes mercados produtos agrícolas de muita procura, como café, açúcar, cacau. Leroy-Beaulieu incluiu nessa categoria a Austrália, por sua aptidão para a produção de lã.
As colônias de comptoirs correspondem a áreas já densamente ocupadas por agricultores nativos. A intervenção da metrópole se resumiu à instalação de usinas de beneficiamento de produtos agrícolas regionais, ligadas a escritórios técnicos e comerciais que orientavam os nativos no cultivo dos produtos que interessavam à metrópole. Os melhores modelos desse tipo de colônia se encontravam no Sudão, ao norte do golfo da Guiné.
Os historiadores, no entanto, admitem apenas duas categorias de colônias: as de exploração e as de povoamento.
Colonização na antiguidade. Os fenícios foram os primeiros povos a realizar uma obra colonizadora de envergadura. Viviam em estreita faixa de terra, cortada por vales abruptos e apertada entre o mar Mediterrâneo e a cadeia do Líbano. Dispunham de um litoral recortado, com uma série de ancoradouros naturais onde se localizaram cidades-portos e possuíam excelente madeira para a construção de barcos, o cedro do Líbano. Em conseqüência, tornaram-se marinheiros e mercadores e estabeleceram colônias às margens do Mediterrâneo e do mar Negro, transpondo o estreito de Gibraltar e atingindo as ilhas Britânicas e o mar Báltico. Suas colônias não passavam de entrepostos comerciais, que vendiam púrpura e compravam estanho e âmbar.
Embarcações fenícias.
Também os gregos notabilizaram-se pela expansão colonial, embora por motivos diferentes. A Grécia é cheia de montanhas estéreis e de ancoradouros naturais. O gosto pelo comércio estimulava os gregos, e acontecimentos políticos e invasões forçaram-nos à emigração. Além disso, precisavam de terras mais férteis onde pudessem praticar a agricultura. Daí a chamada diáspora grega e a multiplicação de colônias às margens do Mediterrâneo e do mar Negro, cidades-filhas das metrópoles do continente, de que eram meros prolongamentos, com os mesmos deuses e costumes. Os gregos espalharam-se para além de Gibraltar, seguindo as pegadas dos fenícios, rumo ao mar do Norte, na rota do estanho e do âmbar.

Colonização moderna. O fenômeno da colonização repetiu-se na época dos descobrimentos, a princípio estimulado pelo mercantilismo e, no século XIX, em virtude da revolução industrial. Assim surgiram os impérios coloniais de Portugal, Espanha, França, Países Baixos e Reino Unido.

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